quarta-feira, 31 de julho de 2013

O que era pequeno...

Vou tentar fazer um texto rápido e conciso, para combinar, inclusive, com o tema do mesmo.

Sim, senhoras e senhores - e quando digo senhoras e senhores quero dizer mãe, sogra e amigos mais chegados -, vou novamente falar do meu pequeno, ridículamente pequeno, banheiro.

Recentemente, este nosso nano-cômodo recebeu uma melhoria(?): uma porta de vidro para a parte da ducha. O problema é que bastante água escapava para além da área do chuveiro durante nossos banhos, e tínhamos que manter uma toalha no chão do banheiro, ao lado da tal área. Após a chuveirada, a toalha ficava sempre enxarcada, e o banheiro ficava um nojo, molhado e úmido. Aí o dono foi e teve a ideia de colocar uma porta para a ducha. Eu queria perguntar "Onde?", mas não sabia dizer "Onde?" em catalão.

Mas, bom, a porta foi instalada, e a porta é linda, de vidro transparente com listras de bolinhas brancas. Show. A única coisa é que o que era pequeno, ficou menor ainda.

Antigamente nós tínhamos uma cortina de plástico de banheiro com haste dupla (invenção deste que vos fala escreve - obrigado, obrigado), e, portanto, durante o processo do banho, se houvesse a necessidade de esticar um cotovelo aqui ou um joelho ali, não havia maiores complicações. Agora não. A porta, com dobradiça sanfonada, que abre para dentro da área do chuveiro, uma vez fechada, delimita definitivamente a área útil. E, teoricamente, impede que qualquer aguinha fuja do ralo para a qual está destinada.

Agora, sobre a área útil que restou para tomar banho. No meu caso, quando estou de lado, dentro da tal área, a parede à minha esquerda e a porta à minha direita ficam justas com meus ombros. Não chegam a tocar minha pele, mas roçam os pêlos dos meus ombros (nota pessoal: jamais falar novamente sobre pêlos nos ombros). Consigo ficar parado, reto e ereto, segurando a respiração, claro, mas cabe como uma luva. Mas quem é que toma banho assim? Temos que nos mexer, esfregar, enxaguar, enfim, trabalhar o corpo. Mas se eu fico de lado, tenho que manter os ombros completamente retos, parados, e utilizar apenas os braços, e apenas para cima e para baixo.

Ou seja: pareço um marionete Lango-Lango de 1,80m.

O jeito é tentar de lado. Quer dizer, com a porta na minha frente e a "torneira" - ainda não sei o nome correto, mas vou descobrir -, com seus canos externos (dois, um de água quente e outra para água fria) nas costas, na altura dos rins. Hoje tentei tomar banho nesta posição.

Após entrar na área de banho tranquilamente e ligar o chuveiro alegremente, e depois de fechar a porta sanfonada com alguma dificuldade, fiquei, então, de lado. Aí senti aquela liberdade - em comparação à primeira posição, claro está - e me abaixei para pegar o xampú. Abaixar eu já aprendi. Descendo dobrando os joelhos, com as costas retas sempre. Não por ser a forma correta de se abaixar. E sim por ser a única forma de se abaixar ali. Enfim, derramei uma quantidade do xampú na mão direita - mais pra barba do que para outras partes já "calvizadas" -, deixei o xampú de novo no chão, me levantei e me preparei para lavar a cabeça. Foi quando senti a primeira dor.

Eu, de frente para a nova porta, tentei levantar ambos os braços para lavar a cabeça. Mas o espaço da ducha é exatamente a envergadura que tenho de cotovelo a cotovelo. Isto é, levantei os braços juntos e travei os dois cotovelos nas paredes do banheiro. Travei.

Eu lá, posição-jesus-na-cruz, com dor de cotovelo e xampú em ambas as mãos. Soltei um ai. Num gesto calculado, abaixei o ombro esquerdo e levantei o direito e me libertei, mas o ombro direito, pela posição rara, reclamou e deu uma patcha estalada. Segundo ai. Encolhi os dois ombros, ao mesmo tempo, ainda naquele alinhamento estranho diagonal, e assim, encolhido em mim mesmo, tentei alinhar ombros e braços, e, infelizmente, automaticamente meu corpo dobrou para frente. Cano de água quente no rim direito. Terceiro ai. Imediatamente, por conta do choque que se sente, estufei o corpo todo para frente, como um galo. E enfiei a piromba na porta de vidro fria e novinha. Aí já saiu um ui.

Gritei pela Mi. Ela veio. Tentei explicar o acontecido, mostrar como tudo aconteceu. Ela chorou. De rir. E foi embora. Eu fiquei, terminei meu banho, bamboleando para não repetir meus erros.

Resultado: não caiu nem um pingo pra fora da ducha, e a filha da puta da toalha continua sequinha. Que bom!


Fico por aqui. Beijos apertados e abraços molhados (e vice-versa) a todos e todas.

Nando, o "geco" de Barcelona