domingo, 20 de janeiro de 2013

2013 - É hora de mudança

Ps.: Não pedirei desculpas aos falsos puritanos por certas palavras e pelo linguajar que usarei. Não sou Shakespeare, infelizmente. Nem Paulo Coelho, graças a deus.


Começo de 2013, é hora de mudanças. Depois de 2 anos e 4 meses compartilhando um apartamento com várias pessoas de diferentes nacionalidades e personalidades, resolvemos procurar algo nosso, só pra gente, nosso ninho, nossa bat-caverna, nosso cafofo, nosso barraco, nossa goma. Nosso lar.

O bairro escolhido foi Barceloneta, próximo de onde morávamos (inclusive é a mesma caixa postal), mas muito perto da praia, da estação de trem, metrô e da marina. São 2 minutos caminhando até a biblioteca, 3 minutos de bicicleta do calçadão, e 5 do clube do qual somos sócios.

Estamos felizes, muito felizes. Não só pela privacidade que poderemos recuperar, mas pelo passo gigantesco que estamos dando. Caramba, vamos ter nossos nomes em contas de luz e água e gás! Assinamos um contrato de locação! É uma vitória pra gente, depois de pastar por este tempo todo em terras estranhas. Parabéns para nós! Mas o que queremos compartilhar aqui é o nosso novo "apertamento", para que vocês, amigos, famílias e bisbilhoteiros de plantão possam, após a leitura deste texto, poder fechar os olhos e se imaginar aqui, chegando para nos visitar, sem a necessidade de pagar passagem de avião.

Então, sem mais delongas, vamos à descrição completa desta visita guiada.

O prédio

Chegando em frente ao prédio, vemos a pintura rosa-salmão ainda nova contrastando com as construções antigas. Roupas penduradas nas sacadas longas secam e se molham com as roupas molhadas dos vizinhos de cima. Os detalhes em branco completam o visual. No térreo, a ABCA, com sua porta de madeira, emite sons abafados de conversas, risadas e fumaça.

Mas uma das sacadas, no entanto, não possui roupas, nem bicicleta, nem tralha. É a sacada vazia de um apartamento vazio, mas não por muito tempo. É o nosso apartamento. A porta de entrada do prédio fica do lado direito.

Ao abrir a porta do prédio, vemos uma pequena saleta (em obras) com o relógio da luz e as caixas de correio. Encostada ao lado direito da parede (em obras), a escada (em obras). No começo do lance, na altura do pescoço, o interruptor de luz. Ao ser pressionado, um leve estalo (pléc), e as luzes se acendem em todos os andares. Enfim, subimos os lances, com cuidado para não encostar no corrimão (em obras).

Quando chegamos ao nosso andar, nossa porta parece bastante austera, com sua madeira vinho e maçaneta no centro do retângulo. Colocamos a chave, abrimos com certa dificuldade - em breve explico o porquê - e a porta se abre.

O apartamento

A entrada é simples. Pois não há. Entrou, já tá dentro, sabe? Então, do lado direito, a porta do banheiro, que será o último capítulo deste texto (o banheiro, não a porta, se bem que a porta do banheiro terá uma história à parte). Logo em seguida, a cozinha, nova e branca, com armários novos e brancos. Na parte de baixo da cozinha, um fogão estilo "cook top" elétrico, chiquetezérrimo, sobre os paneleiros, e do lado direito, uma máquina de lavar roupas.

Logo em frente é a sala/sala de visitas/sala de jantar. Do lado direito, o quarto do casal, e do lado esquerdo o quarto de visitas. Em frente, uma porta que leva à sacada.


Na verdade não há o que falar do resto do apartamento, porque está todo vazio, todo novo e todo branco. A geladeira chega esta semana ainda (ainda não nos mudamos, só em Fevereiro), além de outros último retoques que estão sendo feitos, mas muito pouca coisa falta para que possamos começar a mudança.

A porta


É claro que uma das nossas preocupações era com a segurança. Houve um aumento bastante grande de roubos de casa aqui em Barcelona. Isto porque, com toda a crise europeia, que, desde 2008, quebrou e segue quebrando os bancos espanhóis, os cidadãos catalães preferem guardar suas economias debaixo de seus colchões, dentro de suas cuecas (na cômoda, não enquanto a usam) e calcinhas, escondidas no pote de açúcar. Mas enfim, não é nada alarmante. Geralmente os bandidos procuram por casas maiores. Se vier um desses visitar nosso apartamento enquanto não estamos, é capaz do pobre coitado deixar uns Eurinhos pra gente.

Bom, voltando à questão da segurança. Depois que eu vi o sistema de tranca da nossa porta - que é a razão de ser tão difícil trancá-la ou abri-la -, fiquei mais sossegado. São 5 barras de ferro laterais, além de duas barras de ferro adicionais, uma no topo da porta e outra na parte de baixo. A porta é bastante pesada e maciça, e o formato interno da fechadura - e da chave - é diferente de tudo que já vi.

Basicamente, é isso. Nossos 35m², só nossos 35m². Sim, 35m². Parece pequeno, não é? Pois é: e é. Bem, bem, bem pequeno. Tanto que todas as portas, com exceção da de entrada, são de correr, não de abrir e fechar. Não que eu me importe com nada disso. Tendo um teto, uma porta (com uma puta duma tranca) e uma cama, tô feliz. Ah, e claro, com um banheiro. E é aí, companheiro, que a porca torce o rabo. E é isso que vou descrever pra vocês agora.

O banheiro


O banheiro. Por onde começo? O banheiro - ou aquário de cocô, como gosto de chamar, por não ter janela, apenas um exaustor fraquinho, que não deve aguentar uma feijoada completa - é a primeira coisa que se vê ao entrar no apartamento. Está escondido (ou coberto?) por uma porta de correr branca e pesada. Abrindo esta porta, o banheiro. Do lado direito, o vaso. Do lado esquerdo, o box. No centro, a pia. E é só. É isso. Acabou. Pronto. Esse é o banheiro.


Para ser sincero, a Mi havia me dito que era um banheiro minúsculo. Isso porque só vi o apartamento após assinar o contrato, porque confio na Mi cegamente. Ou confiava, não sei ainda direito. Ainda preciso decidir depois dessa. Mas de tanto ela me falar desse danado desse banheiro, quando o vi, ele até que não pareceu tão pequeno assim. Mas, mesmo assim, é pequeno sim. Minúsculo.


Além de tudo, a descarga do vaso é apenas uma corrente, ligada a um puxador de plástico no elo de baixo, que surge - simplesmente surge - do teto acima do vaso. Estranhíssimo. E o chuveiro, dentro do box sem portas, fica na altura do meu pescoço. E não posso simplesmente flexionar meus joelhos quando quiser lavar o rosto ou a cabeça, senão minha bunda sai da área do box e entra na área da pia, correndo o risco até d´eu escorregar e cair sentado na torneira cromada. Dói de imaginar.

Finalmente terei um banheiro onde eu possa tomar banho no box, fazer xixi no vaso E lavar as mãos na pia, tudo ao mesmo tempo. Mas tenho que pensar positivo, e já fiz, inclusive, o esquema dos meus banhos. Segunda, quarta e sexta, lavo a parte da frente. Terça, quinta e sábado, lavo a parte de trás. Domingo fica o dia do banho Tcheco.

O ruim é ter que fazer cocô no banheiro e limpar a bunda na sala. Porque o banheiro é pequeno, mesmo. Meu banheiro é tão pequeno que é o único onde a pessoa fica mais apertada quando está dentro dele. Mas tudo bem. Eu me viro. Só não me viro no banheiro porque aquela merda é REALMENTE muito pequena.

E ainda tem a porta, que é de correr, e não veda, não fecha o banheiro. Dá pra espiar o cidadão lá dentro, fazendo sua obra. E se a pessoa estiver com fome durante os trabalhos, dá até pra passar uma pizza pela fresta da porta. E é tão pequeno, que ecoa tudo, qualquer sonzinho, sabe? Então, a criatura ali, desamparada, com as calças arriadas, sem ter pra onde correr, tem que fazer o máximo de silêncio possível. Ou cantar, ou limpar a garganta, ou disfarçar de algum jeito. Porque é realmente desagradável, a gente alí, na sala, jogando cartas ou lendo um livro, e vem aquel som de cocô caindo na água do vaso... E com eco!

Agora chega de banheiro e filosofias escatológicas. O importante é o apartamento. É nosso! Então, estão todos convidados! Mentira. Só vamos convidar quem realmente gostamos. Vocè não foi convidado ainda? Ahn... É que quando ligamos, deu ocupado.

Apenas lembrem-se. Quando vierem, não precisa trazer nada. Nem toalhas, nem roupa de cama, nem comida. Talvez, um penico. É, melhor.

Beijos enormes

Nando (e Mi, que me sacaneou, porque pra ela o banheiro tá até de bom tamanho...)

8 comentários:

  1. Ri muito...rsrsrrsrsrs...felicidades aos pombinhos nesse novo lar!

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  2. ''Lar doce lar''...é muito bom!!Parabéns,vocês venceram,isso é o que importa!!E tamanho,tirando o banheiro...rs...é o de menos,o que conta é como transamos o espaço!
    \o/i\o/a!!!!

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  3. Nando, só você poderia narrar com tanto detalhes, ficou muito divertido esse passeio pelo apartamento. Desejo à vocês, saúde, harmonia, felicidades e muito amor nessa nova caminhada. Beijos...

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  4. Encontrei o Blog de vocês a pouco e estou ansioso para ler.
    Barcelona é maravilhosa! Tive a oportunidade de passar um mês em 2011 nessa lINDA CIDADE!!
    Gostaria de falar mais com vcs sobre a cidade, pois tenho muita vontade de me mudar para aí no meio deste ano...

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    1. Oi Demetrio, meu email é nandofreitas@hotmail.com, e a gente se fala por lá, ok? Me mande um email e vamos conversando. Até!

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  5. gente, vamos mudar na semana que vem e podem aguardar que se tudo isso foi escrito antes de viver, imaginem quando ele realmente tiver que usar o banheiro hihihi
    é pequeno msm, vai ser dureza, mas sei que será mtmtmmtmt melhor.
    bjssssss

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  6. Kkkkkkkk morri de rir .. felicidadess ...

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