quarta-feira, 29 de junho de 2011

Surpresa!

Sim, querido telespectador. Ontem foi meu aniversário. Mais uma primavera. Mais uma velinha no bolo. Menos um número na contagem regressiva da vida. Finalmente cheguei na idade tão sonhada por mim e por muitos: 21 anos.

Sinto que agora sim a minha vida vai pra frente. Novos desafios; dificuldades; injustiças; improbabilidades: venham todos. Estou pronto para a maioridade e suas consequências. Já estou me preparando para tirar minha carteira de motorista e meu título de eleitor. Minha vida, a partir de agora, será uma aventura! Quero sair por aí, viajar de mochilão, ir pra Disney conhecer o Pateta, dançar funk na Mangueira (no morro, que fique claro), encher a cara em Salvador, encher a cara na Oktoberfest, encher a cara em Búzios, fazer churrascos com os amigos do Imaculada, pichar muros, destruir telefones públicos, pintar a cara dos amigos bêbados. Enfim, aproveitar a vida.

Bem vindo, "21", e bora começar a viver!

Ah, como seria bom se fosse verdade. Fazer "21" anos de novo. Mas tudo isso não passou de ilusão. Um delírio de um cara peludo em tempos de calor de 40 graus, que não dorme bem à noite há 2 semanas mais ou menos, por conta do volumoso colchão de pelos que possui na região torácica do peito.

Minha vontade era arrancar a minha própria pele e usá-la de abano. Ou passar Vick no corpo, chupar um Halls Preto e beber água de bebedouro.

Agora, além das minhas viagens e palhaçadas até agora, preciso descrever algo muito legal que me aconteceu hoje. E, claro, como foi comigo, tinha que dar alguma merda, né? Literalmente.

Bom, vamos lá. Hoje nossa companheira de casa, cujo nome não mencionarei porque não sei quem sabe disso e quem não sabe (Fernanda Mello) foi-se de volta para o Brasil. Nós, que ficamos, estamos meio tristes, meio felizes. Tristes pela ausência, e felizes por sabermos que era o que ela queria, do jeito que ela queria.

Mas como este blog é meu, voltemos o foco para mim, pode ser? Continuando.

Resolvi não ir ao aeroporto acompanhá-la. Sou contra despedidas. Não fazem bem. Acabei ficando sozinho em casa, aguardando notícias e me abanando com o que tivesse na mão (livros, cadernos, copos, mouse...). De repente, toca o interfone. Béééé (é um som de ovelha rouca).

-Oi?
-Fernando Freitas?
-É ele.
-Você pode descer, por favor?

Putz. A polícia. O que é que eu fiz de errado agora? Não sabia, não lembrava, mas, mesmo assim, sabia que era provável eu ter feito alguma merda. Sei lá o quê, mas devo ter feito. Vim para o quarto correndo e me livrei de prováveis provas: fechei os sites pornôs do computador, dei descarga nas drogas e joguei pela janela o corpo que guardava no armário. Coloquei meu tênis e voei até a porta de entrada do apartamento.

Abri a porta e chamei o elevador. Prontamente lá estava o velho caixote de madeira. E, dentro, uma pessoa uniformizada. Não, não era a polícia. Era o entregador da UPS, com uma caixa bege-padrão, e um olhar estranho para mim.

-Ah, eu já estava descendo. Tudo bem?
-Assine aqui por favor.
-Claro. O dia est...
-Só assine aqui, por favor.

Assinei.

-Pronto.
-Nome e sobrenome, por favor?
-Fernando Freitas.

Ele recolheu a máquina que digitalizou minha assinatura, me olhou feio, com a boca em diagonal, como um desenho animado. Fechou a porta do elevador e foi embora.

Achei estranho aquilo tudo, mas, naquela hora, nem percebi direito suas ações e reações, porque, assim que ele abriu a porta do elevador para me entregar o pacote, eu percebi. Ele soltou um pum lá dentro, e o lugar estava fedendo.

Não é fedendo. É fedendo, e fedendo muito. Não sei, talvez ele tenha almoçado lixo radioativo, ou ainda o coitado estivesse participando de alguma pesquisa gastrointestinal, sei lá. Só sei que se o Van Gogh estivesse lá naquele momento, ele não teria cortado a orelha. Teria cortado o nariz.

Assinei o mais rápido que eu pude. Nem sei se acertei minha assinatura. Acho que, inconscientemente, ao invés de escrever meu nome, escrevi 'Socorro, me acudam'.

Deixei a área do elevador o mais rápido que pude. Entrei em casa, e, aliviado, respirei fundo. Que erro, meu São João do Odor Forte. Que erro.

Eu estava impregnado. A coisa estava presa em mim feito tatuagem. Andei para o meu quarto, tentando me soltar do rastro. Sabe, como quando éramos crianças, que a gente soltava um pum e saia correndo bem rápido para cortar o rastro? Ou era só eu? Quer dizer, eu não, um amigo meu. Bom, sigamos.

Pois é. Cheguei no meu quarto. Cheguei não. Chegamos. Eu, o pacote e o futum, meu mais novo melhor amigo. Sentei e tentei recuperar o raciocínio e a visão do olho esquerdo. E o cheiro não me largava.

-Esse cara é poderoso. -pensei, em agonia.

Resolvi registrar, a partir daí, tudo o que aconteceria. Filmei tudo, praticamente não editei nada, e disponibilizo-o agora, para vocês.



Resumindo: eu adorei meu presente. De verdade. Sou apreciador de comidas variadas, principalmente para 'picar' (beliscar espanhol). Fora a mensagem enviada com o pacote, da minha família que amo e nunca esqueço um só dia. Emocionante. Tive que engolir pra não fazer papelão na frente de vocês (E isso vindo do cara que balançou livremente nas areias de Barcelona. Putz!).

Agora. Bolachas de Gruyère, bolachas de Gouda e 250g do mais puro Camembert fechados dentro de uma caixa por horas, imagina a cena. A cena não, o cheiro. Dá pra ver no vídeo que eu cheiro todos os produtos, e descubro, ali, ao vivo, a origem da confusão. No minuto 4:02, dá pra ver que, por alguns segundos, eu chego a perder a consciência.

E eu aqui, julgando o pobre entregador, que, a essa hora, deve estar no lava-rápido, dentro do carro e de janelas abertas, gritando:

-Fernando Freitas. Nunca mais! Fernando Freitas!

Brincadeiras a parte, obrigado novamente pelo presente. É tudo uma delícia, de verdade. Não quis magoar meus presenteadores, de forma nenhuma. Mas, na boa, se a bola quica na área, eu chuto mesmo! E de efeito, pro gol ser mais bonito. Mas quem me conhece vai me compreender. Eu sou assim mesmo. Torto, errado, politicamente-incorreto. E velho.

Agora com licença que vou tomar banho. Pra sempre.

Besitos de dariz tabado

Nando (e Mi, que já-já vai entrar aqui berrando: "Deixa seu tênis lá fora, pô!")

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O tempo esquentou

Fiz esse vídeo hoje, dia 15 de junho. Trabalhei bastante, até umas 16h, e decidi ir à praia com a Mi. Afinal de contas, com um céu azul desses, um sol que vai até quase 10 horas da noite, e um calor abafado, não tem quem resista.

Fomos, fiz o vídeo e editei o mais rápido que pude. Queria compartilhar meu novo desafio vencido. Menos um item na minha lista. Vejam e aproveitem. Ou não, como diria Caetano.



E foi isso. Estamos bem, e vocês? Comentem, compartilhem, espalhem. Ajudem este pobre casal a ser bem visto e bem quisto por aí!

Beijos naturebas

Nando (e Mi, vermelha até o dedão do pé, de vergonha alheia)

sábado, 11 de junho de 2011

Barcelona é um saco

Sábado, céu azul após dias intermináveis de chuva, a Mi trabalhando pacas e perspectiva de um dia preguiçoso.

Nada disso, minha gente. Levanta, sacode a poeira e vamos bater perna. Certo? Certo.

Me arrumei, me despedi e sai em busca de aventura. Resolvi, após meses e meses, andar novamente por ruas desconhecidas. Queria um dia para conhecer o que ainda não vi de Barcelona. Mas nada turístico ou mapeado. Algo, digamos, inusitado.

Subi a Princesa e fui até a praça da Catedral. Andei em direção à Rambla, até a Art Montfalcon, uma loja super interessante. Sim, sim, é uma loja para turistas. Mas fui comprar uma carteira para a Mi. Recebi uma dica da nossa antiga companheira de piso, Lauri, e resolvi arriscar. Infelizmente, as carteiras são meio caras - uma média de 20€ -, e achei perigoso comprar qualquer uma delas sem a presença da futura-usuária-da-mesma para escolher e decidir.

Saí de mãos abanando, mas, pelo menos, a carteira continuou cheia.

Voltei pelas ruelas até a Jaume, onde fui parado por um turista - acho que brasileiro - pedindo informação. Ele se esforçou no castelhano para perguntar a respeito da Basílica Santa María del Mar. Eu respondi, também em castelhano. Por sorte eu sabia onde era. Era lá perto, e as instruções eram simples. Eu acho bacana quando um turista se esforça para falar a língua do país visitado.

Resolvi ir à praia. O sol estava quente, as ruas, lotadas, e não queria voltar para casa tão cedo. Andei até a prefeitura e virei à esquerda. Pronto. Nova rua, novas lojas e mercados. Era o que eu queria. Descobrir. E foi assim, andando e observando, que vi o Miba - Museu de Ideias e Invenções de Barcelona.

Fantástico. Não entrei, mas vi vários itens numa espécie de vitrine, e algumas, inclusive, à venda. Como a capa de sapato, para chuva; O recipiente de microondas para fazer ovo quadrado; Almofada lavável, que vem com uma caneta tipo 'pilot' para anotar recados e mensagens; Guardanapo com bolso, para guardar o celular durante um jantar fora (nele, lê-se 'eu desligo meu telefone para você!'); E várias outras coisas. Tinha até um guarda-chuva com cinto de segurança, para os dias de ventania. E, caso a ventania fosse muita, um guarda-chuva 'usável', como uma espécie de capacete inflado, ou coisa do gênero. Bem bacana mesmo. Alguns painéis de vidro no chão deixavam o visitante espiar a área interna do museu. Ficou para a próxima. Saí com a cabeça cheia de imagens e ideias, e a carteira mais cheia ainda - teoricamente, claro.

Continuei na mesma rua, e algumas quadras depois, virei à esquerda. Eu estava reconhecendo aquela rua. Lá, eu e a Mi, ainda desesperados, desocupados e desnorteados, com cerca de 10 dias de Barcelona, passamos à procura do Cantinho Brasileiro. Um bar que, como o próprio nome diz, é brasileiro. Sentamos, tomamos guaraná e... Bom, para relembrar, reveja o post - clique aqui.

Continuando. Virei à direita e vi, finalmente, a marina. O número de pessoas aumentava. As barracas de quinquilharias se aglomeravam na calçada. Os restaurantes estavam cheios. O trânsito de bicicletas era intenso. Caminhei os 10 minutos que me separavam do Mediterrâneo ávido pela brisa marinha, o cheiro da areia e os sons marítimos. E antes dos 10 minutos, lá estava.

Não sei, acho que fiquei ali, parado, por uns cinco minutos, no mínimo. Não me lembro do que pensei. Só observava aquela beleza. Não o mar em si, nada de beleza da natureza, mesmo porque sou bem urbano. Não é isso. É a cena em si, sabe? Eu estava comentando com a Mi que, no Brasil, quando a gente resolvia descer para o Guarujá - praia onde passamos a grande maioria de nossas férias -, dependendo do tempo de estadia, praia era obrigação. Explico.

Se eu fosse ao Guarujá numa sexta para voltar no domingo, eu teria que ir à praia sábado e domingo, mesmo se o sol não fosse lá essas coisas. Mesmo se uma garoazinha pairasse durante o dia. Mesmo se a areia virasse lama e o mar secasse. A gente tinha que ir à praia. Só assim aproveitaríamos a viagem, sabe? Obrigação. Eu nunca vivi essa situação, de pensar 'Ah, o tempo está bom. Vou pra praia', ou 'Puxa, está um vento frio, mas o céu está claro, quero ver a cor do mar hoje'. Então, é isso. Essa é a beleza sobre a qual refleti no parágrafo acima.

À minha esquerda havia um grande lote de praia, cheia de gente andando. Eu já havia caminhado por aquela calçada antes. Com a Mi, com a Rô e o Dé. Resolvi virar à direita. Havia só mais um tanto de praia, coisa de 5 minutos de caminhada apenas. Mas, dentro da minha proposta de hoje, aquele naco me servia como uma luva. Comecei.

Percebi que a praia ia ficando cada vez mais vazia e alta. Quer dizer, entre o mar e a calçada, havia uma espécie de lombada de areia natural, que tapava a visão de quem estava na calçada dos banhistas que se esticavam próximos da àgua. Do meu lado direito, havia um clube de natação muito interessante, com quadras para frescobol, quadras de areia para um jogo que não sei o nome, piscina, cad-TRIM, TRIMM!

Que susto! Pessoas andando de bicicleta tocavam suas campainhas para que nós, transeuntes, saíssemos do caminho. Sem olhar, fui mais para a esquerda e fiquei observando. Eram cerca de dez pessoas. De bicicleta. Sem roupas. Protestando. Sim, sem roupa nenhuma. Sim, protestando. Não sei contra o quê, porque os escritos estavam na bunda dos cidadãos, e fiquei sem graça de encarar. Ou melhor, embundar.

Eles estacionaram suas bicicletas logo em seguida, e foi quando a ficha caiu. Estava numa parte da praia que é naturista. Não exclusiva, mas, como dizem por estas bandas, 'friendly', ou simpatizante. Deixei o clube pra lá e comecei a observar melhor a areia. E me arrependi.

Uma das piores visões da humanidade é um homem deitado, na areia, debaixo do sol, e peladão. O pinto ali, triste, feito língua de cachorro com calor, geralmente à esquerda, repousando, fritando, feito salsicha de churrasco. O saco... Ah, quanto saco. Falam muito da questão 'tamanho é documento?', mas o saco sempre fica de fora. Literalmente. E isso porque o tamanho é proporcional à ridiculeza da coisa. Quanto maior, mais triste. Cai-lhe bem o nome escroto. Fica lá, jogado, pendurado, enrugado. E com brisa gelada do mar, então, mais enrugado ainda! Parece... Parece... Quer ver como parece? Faz assim. Olha para a palma da sua mão. Agora, feche os dedos, como se fosse pegar uma pitada de sal. Tá vendo agora a palma da mão, como ficou? É esse o enrugado. E olha que eu estava longe! Parece a superfície da lua, sei lá.

E, pra piorar, tem que tomar sol como? De perninha aberta. Claro! Assim, as linhas das pernas desenham um triângulo retângulo cujo vértice principal é o dito cujo. Ai, ai. Mas enfim, observei tudo isso por vocês, os fieis seguidores deste pacato blog, que, depois deste post, despacatou geral. Enfim.

Homens, mulheres, idosos, jovens, todo mundo lá, como vieram ao mundo. Alguns mais do que outros - caso dos carecas e banguelas - mas, aparentemente, todos felizes, relaxados, aproveitando o calor de 25 graus da primavera catalã. Me deu inveja, de verdade. Me deu vontade de pisar a areia fofa, tirar tudo e me jogar no naturismo. Para a sorte de todos que estavam ali, não continuei com o plano. Fica para uma próxima vez.

Terminei minha caminhada, voltei pela mesma calçada. Revi bundas, pintos, peitos, pêlos. E sacos. Muitos sacos. Barcelona é um saco atrás do outro. Claro, diversos casais gays vem aproveitar a tolerância da cidade, principalmente nas areias quentes de Barceloneta.

Falando em Barceloneta, na volta, escutei um batuque bem baixo, lá, distante. Estava já cansado, querendo ir para casa, mas não resisti e fui atrás do som. E entrei nas ruelas de Barceloneta, e me deparei com o que parecia ser uma guerra de batuques.

Ainda não sei exatamente qual o motivo ou comemoração ou sei lá. Vou pesquisar e depois conto direito para vocês essa parte da história.

Na verdade, cheguei cheio de vontade de montar este post para contar esse passeio de hoje, que não teve nada de monumentos ou histórias medievais. O passeio de hoje, em síntese, foi um saco.

Estamos bem, amamos vocês.
Cuidem-se.

Besitos enrugados

Nando (e Mi, que poupou a retina das imagens de hoje, mas não poupará os ouvidos!)