segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Diada Catalunya

Era 11 de setembro de 1714. As tropas borbônicas comandadas pelo Duque de Berwick pela Guerra de Sucesión Española atacaram Barcelona durante meses até este fatídico dia, quando a cidade, finalmente, sucumbiu. A Catalunha, que era uma nação soberana, perdeu todos os seus direitos como país. Perdeu sua legislação, e toda e qualquer manifestação de sua cultura e língua foi abolida.

Com a Segunda República Española (1931), a Catalunha preparou um Estatuto de Soberania, que devolveu algumas de suas liberdades. Infelizmente, naquela década (1936 a 1939), por conta da Guerra Civil Española, a região é vítima de repressão e perde, novamente, seus direitos.

Apenas em 1980, quando é estabelecido o Parlamento da Catalunha, o dia 11 de setembro se torna Feriado Nacional, para relembrar a queda de Barcelona em 1714, e a luta que, a partir de então, a Catalunha trava para conseguir, uma vez mais, se tornar uma nação soberana.

As ruas se encheram de festividades e comemorações. O listrado amarelho e vermelho decoravam as janelas e postes da cidade. Atos, passeatas, gritos de ordem. A venda de bandeiras, camisetas e produtos catalãos era massiva na região do Arc de Triomf. Uma gigantesca bandeira foi pendurada no vão do arco. Nela, além do listrado tradicional, um triângulo azul que traz uma estrela branca no centro forma o desenho completo da flâmula da futura nação da Catalunha, pois o deejo de uma parcela da população é a independência.

Este, aliás, foi o mote da festa. Independência. E, mais do que palavras, imagens mostram o que foi o dia 11 de setembro de 2011 aqui, do lado de casa.


É, nosso blog também é cultura! Tá pensando o quê?

É isso então, pessoal. Vamos ficando por aqui. A correria é muita, e o tempo é curto. Semana que vem estaremos no Brasil. Continuaremos, claro, dando notícias nossas por aqui, YouTube, Facebook, Skype, etc, etc. Aguardem!

Besitos independentes

Nando (e Mi, colando no armário uns espelhos que achamos hoje na rua. Pois é, depois eu explico num próximo post!)

domingo, 4 de setembro de 2011

Ói nóis aqui travêiz!

Julho, Agosto, Setembro. Putz, quase 3 meses sem postar nada. Isso não quer dizer que não damos notícias. Isso quer dizer que a vida continua, que o dia a dia daqui é igual o daí. Além disso, continuamos "falando" com amigos e familiares no Facebook, Skype etc.

Senti falta de escrever aqui. As últimas semanas foram uma loucura! Trabalho, viagem, encontros. Muito para contar. Mas não aqui, e não agora. Em breve.

Hoje, eu e a Mi fomos à marina de Barcelona, onde foi festejado o Dia de Brasil. Não ficamos muito, porque ontem a Mi fez plantão, e deixei a pobre dormir até o começo da tarde. Ela precisava e merecia um descanso desses. E eu? Afinal de contas, fui encontrá-la na porta do metro lá pelas 2h15 da matina. Eu não preciso nem mereço. Acordei mais cedo, trabalhei um pouco, pra variar, e saí para comprar o jornal de domingo.

Depois de um almocinho básico no McDonalds, com direito a anéis de cebola e asinha de frango com molho picante (nham nham nham), fomos à festa.

Curtam então o vlog que fiz, e já voltamos a conversar.



É isso aí. Aparentemente perdi um pouco a mão dos vlogs, mas prometo voltar com tudo nas próximas 3 semanas. Começando amanhã, segunda-feira. Como se fosse dieta. E por falar em dieta... Que vergonha. Nem Photoshop dava jeito naquela barriguinha. Mas vou melhorar. Vou chegar no Brasil bem melhor. Prometo.

Bem-vindos(as) de volta!

Besitos gordinhos

Nando (e Mi, cantando Erreway tão alto que EU vou ficar rebelde*).

*Erreway era o nome da banda formada na novela/série Rebelde Way, da Argentina. Estamos trabalhando nela. Desculpe pela piada interna, mas eu só queria fazer a Mi rir. Primeiro ela, depois vocês. Não é assim que tem que ser?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Surpresa!

Sim, querido telespectador. Ontem foi meu aniversário. Mais uma primavera. Mais uma velinha no bolo. Menos um número na contagem regressiva da vida. Finalmente cheguei na idade tão sonhada por mim e por muitos: 21 anos.

Sinto que agora sim a minha vida vai pra frente. Novos desafios; dificuldades; injustiças; improbabilidades: venham todos. Estou pronto para a maioridade e suas consequências. Já estou me preparando para tirar minha carteira de motorista e meu título de eleitor. Minha vida, a partir de agora, será uma aventura! Quero sair por aí, viajar de mochilão, ir pra Disney conhecer o Pateta, dançar funk na Mangueira (no morro, que fique claro), encher a cara em Salvador, encher a cara na Oktoberfest, encher a cara em Búzios, fazer churrascos com os amigos do Imaculada, pichar muros, destruir telefones públicos, pintar a cara dos amigos bêbados. Enfim, aproveitar a vida.

Bem vindo, "21", e bora começar a viver!

Ah, como seria bom se fosse verdade. Fazer "21" anos de novo. Mas tudo isso não passou de ilusão. Um delírio de um cara peludo em tempos de calor de 40 graus, que não dorme bem à noite há 2 semanas mais ou menos, por conta do volumoso colchão de pelos que possui na região torácica do peito.

Minha vontade era arrancar a minha própria pele e usá-la de abano. Ou passar Vick no corpo, chupar um Halls Preto e beber água de bebedouro.

Agora, além das minhas viagens e palhaçadas até agora, preciso descrever algo muito legal que me aconteceu hoje. E, claro, como foi comigo, tinha que dar alguma merda, né? Literalmente.

Bom, vamos lá. Hoje nossa companheira de casa, cujo nome não mencionarei porque não sei quem sabe disso e quem não sabe (Fernanda Mello) foi-se de volta para o Brasil. Nós, que ficamos, estamos meio tristes, meio felizes. Tristes pela ausência, e felizes por sabermos que era o que ela queria, do jeito que ela queria.

Mas como este blog é meu, voltemos o foco para mim, pode ser? Continuando.

Resolvi não ir ao aeroporto acompanhá-la. Sou contra despedidas. Não fazem bem. Acabei ficando sozinho em casa, aguardando notícias e me abanando com o que tivesse na mão (livros, cadernos, copos, mouse...). De repente, toca o interfone. Béééé (é um som de ovelha rouca).

-Oi?
-Fernando Freitas?
-É ele.
-Você pode descer, por favor?

Putz. A polícia. O que é que eu fiz de errado agora? Não sabia, não lembrava, mas, mesmo assim, sabia que era provável eu ter feito alguma merda. Sei lá o quê, mas devo ter feito. Vim para o quarto correndo e me livrei de prováveis provas: fechei os sites pornôs do computador, dei descarga nas drogas e joguei pela janela o corpo que guardava no armário. Coloquei meu tênis e voei até a porta de entrada do apartamento.

Abri a porta e chamei o elevador. Prontamente lá estava o velho caixote de madeira. E, dentro, uma pessoa uniformizada. Não, não era a polícia. Era o entregador da UPS, com uma caixa bege-padrão, e um olhar estranho para mim.

-Ah, eu já estava descendo. Tudo bem?
-Assine aqui por favor.
-Claro. O dia est...
-Só assine aqui, por favor.

Assinei.

-Pronto.
-Nome e sobrenome, por favor?
-Fernando Freitas.

Ele recolheu a máquina que digitalizou minha assinatura, me olhou feio, com a boca em diagonal, como um desenho animado. Fechou a porta do elevador e foi embora.

Achei estranho aquilo tudo, mas, naquela hora, nem percebi direito suas ações e reações, porque, assim que ele abriu a porta do elevador para me entregar o pacote, eu percebi. Ele soltou um pum lá dentro, e o lugar estava fedendo.

Não é fedendo. É fedendo, e fedendo muito. Não sei, talvez ele tenha almoçado lixo radioativo, ou ainda o coitado estivesse participando de alguma pesquisa gastrointestinal, sei lá. Só sei que se o Van Gogh estivesse lá naquele momento, ele não teria cortado a orelha. Teria cortado o nariz.

Assinei o mais rápido que eu pude. Nem sei se acertei minha assinatura. Acho que, inconscientemente, ao invés de escrever meu nome, escrevi 'Socorro, me acudam'.

Deixei a área do elevador o mais rápido que pude. Entrei em casa, e, aliviado, respirei fundo. Que erro, meu São João do Odor Forte. Que erro.

Eu estava impregnado. A coisa estava presa em mim feito tatuagem. Andei para o meu quarto, tentando me soltar do rastro. Sabe, como quando éramos crianças, que a gente soltava um pum e saia correndo bem rápido para cortar o rastro? Ou era só eu? Quer dizer, eu não, um amigo meu. Bom, sigamos.

Pois é. Cheguei no meu quarto. Cheguei não. Chegamos. Eu, o pacote e o futum, meu mais novo melhor amigo. Sentei e tentei recuperar o raciocínio e a visão do olho esquerdo. E o cheiro não me largava.

-Esse cara é poderoso. -pensei, em agonia.

Resolvi registrar, a partir daí, tudo o que aconteceria. Filmei tudo, praticamente não editei nada, e disponibilizo-o agora, para vocês.



Resumindo: eu adorei meu presente. De verdade. Sou apreciador de comidas variadas, principalmente para 'picar' (beliscar espanhol). Fora a mensagem enviada com o pacote, da minha família que amo e nunca esqueço um só dia. Emocionante. Tive que engolir pra não fazer papelão na frente de vocês (E isso vindo do cara que balançou livremente nas areias de Barcelona. Putz!).

Agora. Bolachas de Gruyère, bolachas de Gouda e 250g do mais puro Camembert fechados dentro de uma caixa por horas, imagina a cena. A cena não, o cheiro. Dá pra ver no vídeo que eu cheiro todos os produtos, e descubro, ali, ao vivo, a origem da confusão. No minuto 4:02, dá pra ver que, por alguns segundos, eu chego a perder a consciência.

E eu aqui, julgando o pobre entregador, que, a essa hora, deve estar no lava-rápido, dentro do carro e de janelas abertas, gritando:

-Fernando Freitas. Nunca mais! Fernando Freitas!

Brincadeiras a parte, obrigado novamente pelo presente. É tudo uma delícia, de verdade. Não quis magoar meus presenteadores, de forma nenhuma. Mas, na boa, se a bola quica na área, eu chuto mesmo! E de efeito, pro gol ser mais bonito. Mas quem me conhece vai me compreender. Eu sou assim mesmo. Torto, errado, politicamente-incorreto. E velho.

Agora com licença que vou tomar banho. Pra sempre.

Besitos de dariz tabado

Nando (e Mi, que já-já vai entrar aqui berrando: "Deixa seu tênis lá fora, pô!")

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O tempo esquentou

Fiz esse vídeo hoje, dia 15 de junho. Trabalhei bastante, até umas 16h, e decidi ir à praia com a Mi. Afinal de contas, com um céu azul desses, um sol que vai até quase 10 horas da noite, e um calor abafado, não tem quem resista.

Fomos, fiz o vídeo e editei o mais rápido que pude. Queria compartilhar meu novo desafio vencido. Menos um item na minha lista. Vejam e aproveitem. Ou não, como diria Caetano.



E foi isso. Estamos bem, e vocês? Comentem, compartilhem, espalhem. Ajudem este pobre casal a ser bem visto e bem quisto por aí!

Beijos naturebas

Nando (e Mi, vermelha até o dedão do pé, de vergonha alheia)

sábado, 11 de junho de 2011

Barcelona é um saco

Sábado, céu azul após dias intermináveis de chuva, a Mi trabalhando pacas e perspectiva de um dia preguiçoso.

Nada disso, minha gente. Levanta, sacode a poeira e vamos bater perna. Certo? Certo.

Me arrumei, me despedi e sai em busca de aventura. Resolvi, após meses e meses, andar novamente por ruas desconhecidas. Queria um dia para conhecer o que ainda não vi de Barcelona. Mas nada turístico ou mapeado. Algo, digamos, inusitado.

Subi a Princesa e fui até a praça da Catedral. Andei em direção à Rambla, até a Art Montfalcon, uma loja super interessante. Sim, sim, é uma loja para turistas. Mas fui comprar uma carteira para a Mi. Recebi uma dica da nossa antiga companheira de piso, Lauri, e resolvi arriscar. Infelizmente, as carteiras são meio caras - uma média de 20€ -, e achei perigoso comprar qualquer uma delas sem a presença da futura-usuária-da-mesma para escolher e decidir.

Saí de mãos abanando, mas, pelo menos, a carteira continuou cheia.

Voltei pelas ruelas até a Jaume, onde fui parado por um turista - acho que brasileiro - pedindo informação. Ele se esforçou no castelhano para perguntar a respeito da Basílica Santa María del Mar. Eu respondi, também em castelhano. Por sorte eu sabia onde era. Era lá perto, e as instruções eram simples. Eu acho bacana quando um turista se esforça para falar a língua do país visitado.

Resolvi ir à praia. O sol estava quente, as ruas, lotadas, e não queria voltar para casa tão cedo. Andei até a prefeitura e virei à esquerda. Pronto. Nova rua, novas lojas e mercados. Era o que eu queria. Descobrir. E foi assim, andando e observando, que vi o Miba - Museu de Ideias e Invenções de Barcelona.

Fantástico. Não entrei, mas vi vários itens numa espécie de vitrine, e algumas, inclusive, à venda. Como a capa de sapato, para chuva; O recipiente de microondas para fazer ovo quadrado; Almofada lavável, que vem com uma caneta tipo 'pilot' para anotar recados e mensagens; Guardanapo com bolso, para guardar o celular durante um jantar fora (nele, lê-se 'eu desligo meu telefone para você!'); E várias outras coisas. Tinha até um guarda-chuva com cinto de segurança, para os dias de ventania. E, caso a ventania fosse muita, um guarda-chuva 'usável', como uma espécie de capacete inflado, ou coisa do gênero. Bem bacana mesmo. Alguns painéis de vidro no chão deixavam o visitante espiar a área interna do museu. Ficou para a próxima. Saí com a cabeça cheia de imagens e ideias, e a carteira mais cheia ainda - teoricamente, claro.

Continuei na mesma rua, e algumas quadras depois, virei à esquerda. Eu estava reconhecendo aquela rua. Lá, eu e a Mi, ainda desesperados, desocupados e desnorteados, com cerca de 10 dias de Barcelona, passamos à procura do Cantinho Brasileiro. Um bar que, como o próprio nome diz, é brasileiro. Sentamos, tomamos guaraná e... Bom, para relembrar, reveja o post - clique aqui.

Continuando. Virei à direita e vi, finalmente, a marina. O número de pessoas aumentava. As barracas de quinquilharias se aglomeravam na calçada. Os restaurantes estavam cheios. O trânsito de bicicletas era intenso. Caminhei os 10 minutos que me separavam do Mediterrâneo ávido pela brisa marinha, o cheiro da areia e os sons marítimos. E antes dos 10 minutos, lá estava.

Não sei, acho que fiquei ali, parado, por uns cinco minutos, no mínimo. Não me lembro do que pensei. Só observava aquela beleza. Não o mar em si, nada de beleza da natureza, mesmo porque sou bem urbano. Não é isso. É a cena em si, sabe? Eu estava comentando com a Mi que, no Brasil, quando a gente resolvia descer para o Guarujá - praia onde passamos a grande maioria de nossas férias -, dependendo do tempo de estadia, praia era obrigação. Explico.

Se eu fosse ao Guarujá numa sexta para voltar no domingo, eu teria que ir à praia sábado e domingo, mesmo se o sol não fosse lá essas coisas. Mesmo se uma garoazinha pairasse durante o dia. Mesmo se a areia virasse lama e o mar secasse. A gente tinha que ir à praia. Só assim aproveitaríamos a viagem, sabe? Obrigação. Eu nunca vivi essa situação, de pensar 'Ah, o tempo está bom. Vou pra praia', ou 'Puxa, está um vento frio, mas o céu está claro, quero ver a cor do mar hoje'. Então, é isso. Essa é a beleza sobre a qual refleti no parágrafo acima.

À minha esquerda havia um grande lote de praia, cheia de gente andando. Eu já havia caminhado por aquela calçada antes. Com a Mi, com a Rô e o Dé. Resolvi virar à direita. Havia só mais um tanto de praia, coisa de 5 minutos de caminhada apenas. Mas, dentro da minha proposta de hoje, aquele naco me servia como uma luva. Comecei.

Percebi que a praia ia ficando cada vez mais vazia e alta. Quer dizer, entre o mar e a calçada, havia uma espécie de lombada de areia natural, que tapava a visão de quem estava na calçada dos banhistas que se esticavam próximos da àgua. Do meu lado direito, havia um clube de natação muito interessante, com quadras para frescobol, quadras de areia para um jogo que não sei o nome, piscina, cad-TRIM, TRIMM!

Que susto! Pessoas andando de bicicleta tocavam suas campainhas para que nós, transeuntes, saíssemos do caminho. Sem olhar, fui mais para a esquerda e fiquei observando. Eram cerca de dez pessoas. De bicicleta. Sem roupas. Protestando. Sim, sem roupa nenhuma. Sim, protestando. Não sei contra o quê, porque os escritos estavam na bunda dos cidadãos, e fiquei sem graça de encarar. Ou melhor, embundar.

Eles estacionaram suas bicicletas logo em seguida, e foi quando a ficha caiu. Estava numa parte da praia que é naturista. Não exclusiva, mas, como dizem por estas bandas, 'friendly', ou simpatizante. Deixei o clube pra lá e comecei a observar melhor a areia. E me arrependi.

Uma das piores visões da humanidade é um homem deitado, na areia, debaixo do sol, e peladão. O pinto ali, triste, feito língua de cachorro com calor, geralmente à esquerda, repousando, fritando, feito salsicha de churrasco. O saco... Ah, quanto saco. Falam muito da questão 'tamanho é documento?', mas o saco sempre fica de fora. Literalmente. E isso porque o tamanho é proporcional à ridiculeza da coisa. Quanto maior, mais triste. Cai-lhe bem o nome escroto. Fica lá, jogado, pendurado, enrugado. E com brisa gelada do mar, então, mais enrugado ainda! Parece... Parece... Quer ver como parece? Faz assim. Olha para a palma da sua mão. Agora, feche os dedos, como se fosse pegar uma pitada de sal. Tá vendo agora a palma da mão, como ficou? É esse o enrugado. E olha que eu estava longe! Parece a superfície da lua, sei lá.

E, pra piorar, tem que tomar sol como? De perninha aberta. Claro! Assim, as linhas das pernas desenham um triângulo retângulo cujo vértice principal é o dito cujo. Ai, ai. Mas enfim, observei tudo isso por vocês, os fieis seguidores deste pacato blog, que, depois deste post, despacatou geral. Enfim.

Homens, mulheres, idosos, jovens, todo mundo lá, como vieram ao mundo. Alguns mais do que outros - caso dos carecas e banguelas - mas, aparentemente, todos felizes, relaxados, aproveitando o calor de 25 graus da primavera catalã. Me deu inveja, de verdade. Me deu vontade de pisar a areia fofa, tirar tudo e me jogar no naturismo. Para a sorte de todos que estavam ali, não continuei com o plano. Fica para uma próxima vez.

Terminei minha caminhada, voltei pela mesma calçada. Revi bundas, pintos, peitos, pêlos. E sacos. Muitos sacos. Barcelona é um saco atrás do outro. Claro, diversos casais gays vem aproveitar a tolerância da cidade, principalmente nas areias quentes de Barceloneta.

Falando em Barceloneta, na volta, escutei um batuque bem baixo, lá, distante. Estava já cansado, querendo ir para casa, mas não resisti e fui atrás do som. E entrei nas ruelas de Barceloneta, e me deparei com o que parecia ser uma guerra de batuques.

Ainda não sei exatamente qual o motivo ou comemoração ou sei lá. Vou pesquisar e depois conto direito para vocês essa parte da história.

Na verdade, cheguei cheio de vontade de montar este post para contar esse passeio de hoje, que não teve nada de monumentos ou histórias medievais. O passeio de hoje, em síntese, foi um saco.

Estamos bem, amamos vocês.
Cuidem-se.

Besitos enrugados

Nando (e Mi, que poupou a retina das imagens de hoje, mas não poupará os ouvidos!)

domingo, 8 de maio de 2011

Barcelonando com a gente!

Foram mais de 20 horas de edição, escolha de repertório, renderização do material finalizado e upload no Youtube. Mas o resultado valeu a pena.

Rô. Dé. Esse é pra vocês! Mas todo mundo pode ver, claro.



E é isso aí. Amamos vocês, nos amamos, e tudo segue seu rumo. Aproveitando para mandar um beijo para todas as mães, principalmente as nossas. Dona Yara, dona Jô. Amamos vocês!

Besitos maternais

Nando (e Mi, que adorou e reviu o fim do vídeo umas 10 vezes)

sábado, 30 de abril de 2011

Atendendo a pedidos - Printemps à Paris

Passando só pra publicar este vídeo novo da Mi, atendendo a um pedido muito especial:



Estamos bem, amamos vocês.

Besitos (des)cafeinados

Nando (e Mi, já quase acordando. Eba!)

domingo, 24 de abril de 2011

Printemps à Paris

Finalmente consegui começar a editar o material bruto da nossa última viagem. Por enquanto é só um "teaser", mas eu me emocionei fazendo, e me emociono cada vez que vejo.


Quanto à última cena, meu querido amigo Juliano comentou comigo:
-Nando, eu gostei do filme. Mas a dancinha no final...

Eu, indignado, mas vencido, confessei:
-Eu sei, eu sei. Mas o que eu posso fazer se a Mirela não leva jeito pra coisa?

Vou editando e postando.
Amamos vocês!
Nos amamos!

Beijos parisienses.

Nando (e Mi, Lalolando...)

sexta-feira, 18 de março de 2011

¿Quanto?

Fala, pessoas! Muitos projetos acontecendo, esperança de um futuro bom ou melhor, e, ocupados como estamos, o tempo corre, e nosso blog, tadinho, fica às moscas. Não vou prometer novamente voltar à regularidade de postagens diárias, mas estou trabalhando para que o sistema todo de postagem seja mais rápido e versátil. Assim, quem sabe?

Não sei o que já contei, o que é novidade, o que já é sabido de todos vocês. Mas neste post, contarei uma história rápida (ahan, sei, vocês conhecem meu entendimento de "rápida").

Começamos com um flashback.

A Mi toma um remédio que, no Brasil, é manipulado. Nada sério, people, nada sério. Pagávamos R$ 65,00 pelo pote, suficiente para 3 meses. Trouxemos um novo para Barcelona. Então, obviamente, 3 meses depois, acabou. Havíamos deixado uma receita com a mãe da Mi, que, coincidentemente, é minha sogrinha querida. A Jô. Pessoal, todo mundo fala "Oi Jô"! Obrigado. Continuando.

A Jô, com a receita em mãos, mandou fazer um novo pote. Ela ficou com o produto manipulado, e a farmácia reteve a receita. Praxe. Foram gastos os R$ 65,00, e mais R$ 86,00 para enviar o pacote pra gente. E, novamente, 3 meses (quase) se passaram, e o remédio estava acabando. E agora, o que fazer? Para um novo pote, teríamos que pagar uma consulta particular com o médico da Mi, que fica em São Paulo, para que ele emitisse nova receita, para que todos os demais gastos fossem feitos, e etc, e etc. Então, contabilizando, grana para ir a São Paulo, mais a grana da consulta, mais a grana da manipulação e mais a grana do envio. Totalizando, daria em torno de R$ putamerda,cacete. Aproximadamente.

Voltando para os dias atuais.

Em janeiro, eu e a Mi conseguimos entrar com o pedido de nossa tarjeta sanitária. É um cartão que permite o uso do sistema público de saúde de Barcelona - que, diga-se de passagem, é excelente -, além de conseguir descontos em medicamentos receitados. Um mês e quatro dias depois, recebemos a tal tarjeta. Dia dois de março, a Mi passou no centro de saúde, aqui, do lado de casa. Marcaram a primeira consulta dela para o dia seguinte, três de março, quinta-feira, ou, como dizemos aqui, jueves (castelhano), ou ainda, dijous (catalão). Vale.

Dia seguinte, lá estava a Mi, alegre e saltitante, pronta para sua primeira consulta em solo internacional. Na verdade, ela foi atendida por uma enfermeira, que mediu sua pressão e anotou informações básicas. Procedimento padrão. Foram marcados um exame de sangue (uma semana depois) e uma consulta, agora sim, com nossa médica (uma semana após o exame de sangue). Seguimos, então, o protocolo. Uma semana se passou, e lá foi a Mi tirar sangue. Eu apareci de surpresa, para segurar a bolsa dela, que é gigante e pesada, e para segurá-la, no caso de haver algum desmaio ou coisa parecida, por conta do jejum. Outra semana se passou, e chegou o dia marcado para a consulta. Isso foi ontem.

Para interligar as duas histórias contadas até agora. A esperança da Mi era que ela conseguisse com nossa nova médica uma receita para o remédio que ela toma. Assim, economizaríamos bastante. Isto é, caso o remédio daqui não fosse tão caro quanto o remédio daí. Teríamos que esperar, e foram duas semanas cheias de ansiedade, acreditem. Voltando.

Ontem, a Mi foi à médica. Eu fiquei, trabalhando. Poucos minutos depois, ela retornou. Cheguei a pensar que ela, por algum motivo, não tivesse sido atendida. Ledo engano. Ela foi atendida, e muito bem atendida. E trouxe consigo uma receita, linda, novinha, para podermos comprar o tal remédio. Felizes, saímos em direção à uma farmácia na Princesa, pois tínhamos na carteira apenas uma nota de dez euros. Portanto, fui junto, no caso de precisar usar o cartão de débito (sim, tenho uma conta aqui!) ou crédito. A Mi entrou, eu fiquei lá fora, fumando (eu sei, eu sei, eu sei.), e entrei em seguida. Ela estava boquiaberta.

A história é que a Mi mostrou a receita e apresentou sua tarjeta sanitária. A farmacêutica identificou o remédio, passou o código de barras na máquina e registrou a retirada. Destacou, também, uma parte da embalagem, que serve como controle interno, pois a receita permite que compremos apenas uma caixa do tal remédio por mês. A Mi, então, faz a pergunta (diálogo traduzido):

- Quanto é?
- ...86...

A Mi franziu a testa, coçou o cocurutu, inclinou a cabeça. Por um minuto, ela pensou "fodeu", mas depois:

- Perdão... Quanto?
- 86 centavos de Euro.

Sim, meus caros companheiros de leitura. Oitenta e seis centavos de Euro. Numericamente, 0,86€. Eu entrei logo depois deste diálogo ter ocorrido. A Mi estava ainda boquiaberta, quando ela me contou tudo. Obviamente, eu ri. A Mi riu. A farmacêutica riu! Perguntamos quanto seria o remédio caso não tivéssemos a tal tarjeta. Seriam oito Euros. Puxa. Puxa. Abri minha carteira, e vi que tinha apenas uma moeda de um Euro. A Mi, idem. Resultado. Saímos da farmácia com um remédio para o mês inteiro, gastamos um Euro e ainda voltamos com quinze centavos de troco.

Ficamos tão surpresos que ligamos para nossas mães para contar o acontecido. Nos sentimos tão afortunados, tão aliviados e, novamente, tão seguros.

Bom, essa foi a história de hoje. Dá para ver que estamos bem, não? Se não, aqui vai a confirmação. Estamos bem, e amamos vocês e nos amamos.

Acreditem, estamos nos tornando melhores pessoas. Estamos crescendo, como pessoas, como adultos e como um casal. Isso é ótimo.

Besitos remediados

Nando (e Mi, vendo a receita de hoje da Ana Maria Braga. Não falei que estamos crescendo? Mi chefe de cozinha, quem diria!)

domingo, 6 de março de 2011

Serpenti-Nando na Mi-careta de Barcelona

Sábado pulamos carnaval aqui em Barcelona. Muitas pessoas nos perguntavam como seria o carnaval daqui, e nunca soubemos responder, porque, para nós, também era um mistério. Seguindo as indicações do site oficial da prefeitura de Barcelona, fomos, ontem, a uma das principais avenidas da cidade, a Paral.lel - assim mesmo, com um ponto entre os "eles".

Metro lotado, muita gente fantasiada. E fantasias engraçadas, interessantes, algumas caseiras, mas todas bem elaboradas, até mesmo as mais simples. Descemos, andamos, subimos as escadas até a rua. E quanta gente, quanto barulho, quanto, quanta, sei lá, não dá para descrever.

Foi por isso que decidi gravar tudo em vídeos. Mais uma vez, a intenção é transportar você, leitor deste humilde blog, para uma aventura fora do Brasil, ou fora de sua casa, ou até mesmo extracorpórea. Feche os olhos - mas não agora, senão você não verá as instruções a seguir, e nem mesmo o vídeo! -, imagine-se voando, sem asas, por um céu azul, límpido, atravessando o Atlântico, avistando a península Ibérica, seguindo pelo Mediterrâneo até encontrar a estátua de Colombo. Ali, vire à esquerda, pegue a Paral.lel, siga umas 3 quadras e pronto, você chegou ao carnaval de Barcelona. Pouse, abra os olhos e veja e ouça o vídeo inteiro:


Estamos bem, e bem cansados de tanta folia. Amamos vocês.

Beijos confetezados

Nando (e Mi, fazendo escalda-pés para acalmar os calos do samba de ontem)

ps: para quem quer assistir ao vídeo com som original, aqui está ele: http://www.youtube.com/watch?v=_joSOiLorvc.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Testes (21/02/2011)

A vida é pura perspectiva. Nunca é cedo para ensinar, nunca é tarde para aprender. Portanto, resolvi tentar um novo desafio. Estou começando a levar mais a sério minhas edições de vídeo. Quer dizer, sempre gostei de editar imagens, colar trilhas sonoras, mas agora chegou a hora de me aventurar no mágico mundo dos efeitos especiais.

Fiz dois testes neste domingo. Nada de novo, mas, para mim, que nunca fiz nada do tipo, foi uma realização. Algumas pessoas que viram se assustaram. Outras, riram. Mas todas tiveram alguma reação, e esse é sempre meu objetivo. É preciso reagir. Como? Depende de cada um. Cada ser humano tem sua própria visão daquilo que faço. Contanto que haja uma resposta, um comentário, um retorno qualquer, para mim, está valendo. Aí estão os testes:





E é isso. Gostou? Não? Assustou? Riu? Chorou? Comente, sugira ideias e situações, fale qual foi sua reação. E se você for, sei lá, um cineasta ou coisa parecida e, talvez, quem sabe, precise de um estagiário nesta exata área, bem, bingo!

Estamos bem, animados e nos amamos, e amamos vocês.
Besos estrábicos

Nando (e Mi pedindo pelamordideus para apagar a luz para dormir)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Passeio de domingo (16/02/11)

Domingo passado fomos passear no Parc de la Ciutadella. Eu, Mi, Fer e um convidado muito muito especial. O Luca - ou "Chuchu", como a Mi costuma chamá-lo -, filho do Edu e da Maria, brasileiros que residem em Barcelona há tempos. É dele que a Mi toma conta diariamente, e é com ele que ela está desenvolvendo seus sentidos maternais.

Filmamos muita coisa, e resolvi juntar os melhores momentos neste vídeo que agora apresento. Espero que todos vocês se sintam "passeando" conosco. Imaginem a cena: uma tarde ensolarada, um ventinho frio carregando as últimas folhas secas do inverno, um parque repleto de gente, um parquinho cheio de crianças, areia e diversão.



Estamos bem, amamos vocês.

Besitos divertidos

Nando (e Mi, fazendo turno da manhã e se preparando para um passeio de adultos no Ikea)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

WE´RE BACK (15/02/11)

Sim, senhoras e senhores, estamos de volta! A rotina diária (redundância?) nos pegou de jeito, mas finalmente resolvemos abrir um pacote de cerca de 2,5kg de vergonha-na-cara e dar notícias novamente através deste humilde blog.

Pois é, quem diria, rotina europeia. Eu imaginava morar em Barcelona, viajar para um país diferente a cada fim de semana, viver novidades interessantes toda semana, sentar a bunda na cadeira e escrever posts diários contando cada detalhe de nossas aventuras. E a realidade é tão diferente disso, justamente por ser realidade. Ao menos, esta está sendo a nossa experiência.

De qualquer forma, aqui estamos. Bem de saúde, tentando viver mais que sobreviver, aproveitando o que é nos é possível. Comendo menos e melhor. Vivendo mais e melhor. E é claro, apesar da rotina, temos algumas novidades.

• A Mi deve começar em breve algum curso de castelhano. Provavelmente ela comece em março ou abril, pois os cursos daqui duram, em média, 3 meses, e a maioria dos lugares - os mais baratos - começa em janeiro. O legal é que, apesar das dificuldades da língua, estamos mais abertos a tentar e errar, o que costuma ajudar no aprendizado de basicamente tudo. A Mi falando castelhano é a coisa mais fofa.

• Comecei a escrever um livro. Por enquanto ainda estou ajustando isso e aquilo, antes de desenvolver toda a história. Será um livro meio ficção e meio real, meio triste e meio alegre, meio tenso e meio relax, meia calabreza e meia mussarela. Ou, melhor ainda, um livro sem rótulos. Combaterei a tentação de postar trechos ou sinopses da história, mas, regularmente, darei notícias sobre o processo em si.

• É incrível como a Mi está desenvolvendo seus dotes culinários. Seja seguindo receitas ou inventando uma nova combinação de ingredientes, tudo o que ela faz fica delicioso. Ela, claro, fala que falta sal, falta iso, falta aquilo, mas a verdade é que eu preciso fazer uma baita força para não acabar com toda a comida, não só para que o alimento rende mais, mas para sobrar alguma coisa para o dia seguinte. Aliás, sou só eu ou todo mundo acha que a maioria das comidas fica melhor no dia seguinte?

• Olá turma. Meu nome é Nando e eu sou viciado em Rubik´s Cube. O que começou com uma provocação da minha irmã - coisa que ele raramente faz... ahan - se transformou em obsessão. Eu só conseguia fazer uma face do cubo 3x3x3, e ela falava que não valia. Pois vim, estudei, comprei o original e coonsegui. Fui para o 4x4x4. Feito. Agora o 5x5x5. Quase lá! Todo dia eu preciso embaralhar e resolver os três cubos. mas é uma delícia. Tão bom quanto Sudoku. Aliás...

• Consegui trazer a Mi para a minha turma. Na verdade, ela entrou sem convite nem nada. Resolveu tentar o Sudoku, comprou uma revista de 0,75€ e começou pelo muy fácil, que, para quem começa, é difícil pacas. Mas ela está indo bem, resolvendo cada vez com menos erros. Ela já está quase pronta para chegar ao próximo nível.

• Que bom, a música continua na minha vida. Terei música minha gravada em alguns CDs este ano, o que me deixa cheio de orgulho. Uma dessas músicas fiz aqui, em Barcelona, e em parceria, o que significa muito para mim. Porque é preciso ter uma química, um entendimento mudo entre duas pessoas para que uma parceria saia bacana, audível e, quiçá, gravável. Só falta agora ter o meu próprio violão, aquele que deixei em Campinas. Por favor, se alguém vier para cá, poderia, por gentileza, trazer meu pobre instrumento? Que saudade.

• Ontem, meu pai me prestou uma senhora ajuda - mais uma! - e conseguimos alterar nossa passagem de volta ao Brasil. Será no fim de setembro deste ano. Até lá, temos que decidir não só o que faremos de nossas vidas, mas, baseados nesta decisão, como voltaremos para cá ou aonde iremos. Estou pensando em fazer um show beneficente aí no Brasil, para arrecadarmos dinheiro, ideias, sugestões. Voltar praí? Ficar aqui? Ir para outro país? Afinal de contas, quem aí não quer ver um Nandinho ou uma Mirelinha correndo pelas linhas deste blog? Quem? Quem quiser que a família Freitas aumente em breve, por favor levante seu mouse.

Apesar da ausência, mais um post longo. Mas estou tentando ser mais breve e direto. Preciso, é claro, guardar adjetivos, verbos e pronomes para meu livro. Senão, escrevo tudo aqui e não me sobra nada para depois, a não ser a página em branco e a cabeça idem.

Estamos bem, muito bem mesmo. Em breve, fotos e vídeos - que comecei a organizar hoje - e, tomara, ou, como dizem por aqui, ojalá, mais novidades.

Besos novos

Nando (e Mi, preparando um peixe com batatas. Meu estômago já está devorando a minha pleura.)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Reticente por reminiscências - MEGAPOST (18/01/11)

Dia importante hoje. Várias tarefas, uma longe da outra, e precisaríamos seguir um roteiro lógico e bem resolvido para que cada etapa fosse bem sucedida, pois, caso contrário, o objetivo seguinte ficaria bastante comprometido. Por conta disso, preparamos a papelada na noite do dia anterior e fomos dormir cedo. A Mi, 1h40 da manhã. Eu, 4h20. Bem cedo. Acordamos 8h30, saímos de casa em seguida e começamos:

Primeira tarefa:
Consulado brasileiro, na av. Diagonal

Motivo:
A prefeitura de Barcelona possui um guia de acolhida a novos moradores, que contém uma série de itens obrigatórios, em ordem pré-determinada, para que a estadia dos imigrantes seja ideal. Em primeiro lugar, é necessário fazer o empadronamento. Vale, isso já fizemos. O número dois da lista é pedir uma TSI (Tarjeta Sanitária Individual). Tentamos pedir a nossa, mas, de acordo com nova lei, de 2010, caso o estrangeiro seja de país da comunidade europeia ou outro qualquer que possua acordo com a Espanha, é preciso apresentar uma declaração, autenticada por consulado ou órgão responsável, atestando que o imigrante não possui cobertura da rede pública de saúde em seu país - que é o nosso caso.

Após verificar que o consulado italiano não emite tal carta, e que, portanto, precisaríamos ir à Itália para conseguir o atestado, resolvemos tentar o consulado brasileiro, que confirmou prestar tal serviço. Fizemos a declaração, assinamos e levamos ao consulado para autenticação. Hoje estaria tudo pronto.

História:
Excepcionalmente hoje haveria corte de energia, para manutenção, no prédio que abriga, em seu segundo andar, o consulado. Portanto, o atendimento seria das 9h30 às 11h00 apenas. Chegamos, e estava lotado. Durante nossa curta estada na pequena fila da recepção, ouvimos, várias vezes, a funcionária dizer Aqui está sua senha, mas não podemos garantir que você será atendido, pois a energia será cortada por volta das 11h30. Que ótimo, pensei, enquanto retirava nossos canhotos - referentes aos documentos pedidos - da mochila.

O segurança, que assistia a tv, quer dizer, que trabalhava ao lado da recepcionista, avistou os papéis e, friamente, nos disse que poderíamos aguardar no guichê 4, apresentar os recibos e retirar as declarações. Agradeci e fomos até lá. Fiquei de pé, aguardando, em frente ao tal guichê, onde, do lado de cá do vidro, havia uma mulher de braços cruzados, também aguardando.

Cerca de 15 minutos se passaram, e nada. Vimos as senhas rodando muito lentamente, pessoas sendo chamadas, contando suas histórias de como foram roubadas e o por quê da pressa da emissão de um novo passaporte, enquanto, em cada guichê, lia-se um aviso impresso em matricial Não fazemos urgência, por favor colabore. Sério. Bom, de repente, do lado de lá do vidro, vi uma senhorinha, cabelos brancos, óculos pesados pendendo na ponta do nariz, andando com certa dificuldade, passos tranquilos, mas trêmulos, vindo em direção ao guichê 4, trazendo uma pasta nas mãos.

Ela entregou o conteúdo da embalagem para a mulher que aguardava e, neste exato momento, dei um passo à frente, esticando o braço que terminava com a mão que carregava os canhotos. A mulher foi embora, a senhora olhou para mim, desceu o olhar pelo meu pescoço, seguiu pelo ombro, percorreu o braço, cotovelo, antebraço, mão, papéis. Ela esticou seu braço envelhecido, recolheu os canhotos, sorriu, virou à direita exatos 90 graus e pois-se a procurar nossas pastas entre algumas outras.

Será que eles escolheram a funcionária mais velha, mais lenta e mais cega para aquela função - de procurar e entregar documentos - de propósito? Havia várias pastas ao lado da mesa, mas a pasta da mulher atendida antes de mim estava em outra sala, longe dali. E, pela cara da moça, ela já estava esperando ali há algum tempo. Eu, heim.

Resultado:
Após segundos de procura, lá estava a declaração da Mi. Momentos depois, a minha. Ambas, entregues a mim, foram direto para minha mochila. Cerca de 15 dias e 40€ depois, os documentos estavam conosco. Conseguimos!


Segunda tarefa:
CAP (Centre d´Atenció Primària [Centro de Atenção Primária])

Motivo:
É praticamente o mesmo motivo anterior. O fato é que já havíamos ido ao CAP 2 vezes. Na primeira, não falávamos uma palavra de castelhano e nem sabíamos o que era o catalão. A atendente, de forma muito fria, falou sobre a tal declaração. Mas, como dissemos que a Mi era italiana (pois estávamos começando o processo de busca ao NIE da Mi), fomos ao consulado italiano, e nem pensamos em ir ao brasileiro.

Na segunda vez, a atendente foi bastante solícita, mas eu acabei discutindo com uma médica que insistia em falar com a funcionária na minha frente como se eu não estivesse lá. A frase que mais gostei de ouvir dela foi O problema é seu, não tenho nada a ver com isso. Mas enfim, a funcionária, sem jeito, explicou o lance da carta, e disse que o governo brasileiro mantinha um acordo com o espanhol, e, portanto, o consulado poderia expedir a tal declaração.

História:
Como a primeira etapa havia dado certo, levamos nossas declarações assinadas e autenticadas ao CAP. O consulado fica na Diagonal, no cruzamento com a Rambla, e o CAP fica aqui do lado de casa. Pegamos o metro L3, depois L1, descemos no Arc e andamos até o grande e moderno prédio. Fizemos o percurso silenciosamente. A apreensão era grande, mas a confiança também. Afinal de contas, temos agora a ajuda da Corina - que será apresentada a vocês na próxima etapa. Chegamos. Entramos. Esperamos. Fomos atendidos por essa mulher que, apesar de sentada, parecia alta. Alta demais.

Apresentei os papéis e passaportes, disse do que se tratava. Por alguns segundos aquela papelada ficou ali, na mesa, largada. A mulher parecia em catarse, não sei, observando todos os documentos sem falar ou agir. Fiquei preocupado. Ela, então, chamou outra funcionária, conversaram, a segunda informou a primeira a respeito do acordo Brasil-Espanha. A segunda falou Precisa de uma declaração assim assim assado. E a primeira Aqui está. E a segunda Precisa também do passaporte dele. E a primeira Também está aqui. E a segunda E o empadronamento? E a primeira Ele trouxe também. Então a segunda falou para a primeira o que eu queria ouvir. Ya está - que, aqui significa algo como Então pronto. A segunda olhou para mim e sorriu. Eu sorri de volta. Respondemos várias e várias questões, enquanto a expectativa aumentava, mais e mais.

Resultado:
Escolhemos nossa médica, pegamos nosso número provisório para atendimentos emergenciais gratuitos. Nossa tarjeta deve chegar em casa daqui cerca de 1 mês. A partir de então poderemos também marcar consultas. E foi isso. Conseguimos!!


Terceira tarefa:
Hospital del Mar

Motivo:
Pouca gente sabe, mas no dia 25 de dezembro de 2010 fomos ao hospital. A Mi teve uma indisposição estomacal, e decidimos ir ao Hospital del Mar, que fica perto de casa, de frente para o mar. Seria lindo se não fossem 23h30 do dia de natal. Será que estaria lotado? Será que estaria fechado? E sem a tarjeta, será que seríamos atendidos? As respostas são, respectivamente, não, não e sim. Chegamos após uma caminhada curta, porém respeitável.

A noite estava fria, mas as ruas estavam calmas e o visual daquele caminho até então desconhecido merece um post à parte. Enfim, chegando lá, a Mi apresentou passaporte e empadronamento para que o hospital faturasse a consulta aqui pra casa, pois não tínhamos a tal da tarjeta sanitária. Fomos imediatamente atendidos pelo médico-chefe de plantão. Em seguida, a Mi tomou uma medicação e aguardou. Algo em torno de 15 minutos depois, uma médica nos chamou, fez alguns exames, explicou a situação e passou a receita.

No dia seguinte, fomos à farmácia. Eram dois remédios para 1 mês de tratamento. As caixas eram gigantescas. Quando olhei aquilo, pensei Putz, vai ser caro. Mais uma vez, por falta da tarjeta, não tínhamos direito ao desconto que ela proporciona em todos os medicamentos de receita médica - cerca de 70% de desconto, segundo a farmacêutica. A conta fechou em 10€. Eu achei bom pacas.

Alguns dias depois, já em 2011, recebi um telefonema. Era da administração do hospital, dizendo que não haviam preenchido a papelada da Mi com o número de sua tarjeta. Expliquei que não tínhamos. Ela, então, passou um número de telefone. Pesquisei e descobri que tal número era de uma ONG que ajuda imigrantes com as burocracias de Barcelona. A Fer nos ajudou a marcar uma cita. Fomos dias depois para o escritório da Salud y Familia, onde conhecemos a Corina, uma mulher simpática, paciente e disposta a nos ajudar. Resumindo, ela preencheu um papel verde, disse para voltarmos ao hospital e apresentar o tal papelzinho para o RH, para darem baixa na fatura. Seria como se a ONG pagasse nossa conta. Uau!

Eu achei incrível. Mãs... E se, no dia 18 de janeiro de 2011, fossemos ao consulado brasileiro, pegássemos nossas declarações, para depois arriscarmos de novo a tarjeta sanitária em nosso CAP, e, com o número da tarjeta provisória, poderíamos aparecer no hospital, apresentar a numeração e tentar dar baixa na fatura sem a necessidade da ajuda da ONG? Ah, agora tudo faz sentido! A ordem, as tarefas, o esforço de se cumprir o roteiro exatamente da forma planejada.

Nossa, este post está tão longo. Bom, assim eu compenso os dias que não escrevi.
Continuando.

História:
Fomos de casa para o hospital andando, aproveitando a vista da praia e o solzinho que começava a aparecer, ainda morno. A área do hospital é gigantesca, com uma grande galeria na parte posterior, seguida por um espaço aberto e agradável e, depois, a entrada do hospital propriamente dito. Chegamos no balcão de informações. Pedimos informação, que nos foi dada. Fomos ao RH, apresentamos a papelada novamente e o número da tarjeta sanitária provisória da Mi.

Resultado:
A atendente, simpática e de fala rápida, anotou o número na fatura e disse Ya está. E foi isso. Conseguimos!!!


Coisas maravilhosas estão acontecendo conosco nos últimos tempos. Temos uma pequena viagem planejada para daqui alguns meses; Tenho alguns trabalhos na agulha; Nos aproximamos de pessoas incríveis, daquele tipo de pessoa que você sabe que é pra vida toda; A Mi está bem do estômago;. Nossas famílias estão bem; Nossos amigos estão bem.

Apesar disso, ainda estou reticente. Não por ser pessimista nato ou ingrato, mas as reminiscências de tudo que aconteceu - resultando em nossa vinda para Barcelona - não podem ser consideradas apenas lembranças enfraquecidas. Devem, repito, devem ser levadas em conta como ensinamentos. Afinal, o importante de cair é aprender a levantar.

Claro, não é porque caímos uma ou duas vezes que cairemos a terceira. Sei também que ambas as quedas nos ensinarão a evitar uma nova. Acredito, realmente, que as coisas estão entrando nos eixos. Minha premissa em relação a esta viagem sempre foi buscar felicidade, dinheiro, realização. Mas como se busca isso? Quer dizer, por exemplo, quando você pode dizer que seu casamento deu certo? Depois que ele acaba?

Estou aprendendo a viver o presente, a aproveitar as oportunidades e curtir o momento, sem esquecer do futuro e levando-se em conta o passado. Ainda sim, continuo reticente.

Acho que minha pergunta real é: se ao cair aprendo a levantar, o que deve acontecer para que eu possa aprender a voar? Ou ainda, preciso ficar triste para aprender a ser feliz?

É apenas uma pergunta retórica, de fato. Um desabafo. Desculpem-me por isto, e pelo megapost, mas o prazer de escrever novamente sobrepôs minha preocupação com estética e regras de blog.

Estamos bem e esperançosos. Amamos vocês do fundo do nosso coração.
Sentimos saudade, mas acho que estamos encontrando, finalmente, nosso caminho.

Besos mega-hiper-super-ultra-blaster-gigantescos

Nando (e Mi, que queria contar a novidade para a mãe, mas esta não ficou online a tempo)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Último capítulo (10/01/11)

Como bom novelista (e não noveleiro) queria deixar o último capítulo para o post de sexta-feira que vem - com reapresentação no sábado -, mas calhou de ser segunda, e não serei maldoso com familiares e amigos que acompanham esta novela há mais de 3 meses. Vamos lá?

"No capítulo anterior, Nando Freitas havia conseguido enfrentar e derrotar sua maior inimiga, a Fila Gorda. Após horas e horas de luta, sudoku e conversa-mole com sua parceira incansável, a destemida e sempre acordada Mirela de Freitas, Nando sobreviveu ao processo de pedido da tão sonhada Tarjeta de Familar de Cidadão Europeu. Após pagar a taxa referente à confecção do objeto de desejo, nosso herói - ? - precisou esperar 30 dias para poder retirar o mesmo. Foram horas de agonia, minutos de impaciência e segundos de desespero. Mas o perídodo havia terminado. O calendário estava completamente marcado. Todos os dias, entre 10 de dezembro de 2010 e 10 de janeiro de 2011, haviam sido ticados. Era chegada a hora. Finalmente."

Hoje levantei sozinho, pois resolvi deixar a Mi dormindo. Sabia que não haveria fila, ou desespero, ou chateação. Bastava entregar o canhoto com meu nome e NIE, passaporte para averiguação de identidade e recibo do pagamento da taxa. E pronto. Talvez uns 2 minutos para a procura da tarjeta, que deve estar lá, esperando pelo dono, tão ansiosa quanto ele. Portanto, era capaz d´eu voltar antes mesmo da Mi acordar. Eram 8h30.

Chequei a internet, revi o endereço, percorri o caminho na minha cabeça. Tudo memorizado. Me vesti, despedi-me da Mi, mas acho que ela não notou, e tomei meu caminho. Como a Oficina funciona entre 9h e 14h, não tive pressa. Andei calmamente, mas a passos largos, pois a ansiedade era grande. Nem percebi o fim do cigarro, que, tragado pelo vento, começava a queimar o próprio filtro, pois esqueci de fumá-lo. Minha mente estava embebida em memórias. Todo o processo, desde as primeiras perguntas sobre o NIE da Mi, as primeiras portas batidas na nossa cara, as horas e mais horas de espera, o fim do dilema dela e o começo do meu, enfim, todo o filme era projetado constantemente atrás de meus olhos. Talvez por isso não senti o cansaço ao chegar no lugar de retirada de tarjetas, uma oficina de polícia na Mallorca, 213. Eram 9h25.

Eu imaginei muito este momento. Pensei até, certo dia, que poderia ser como um Drive Through do McDonalds. Primeira cabina, entrego o canhoto e mostro meu passaporte. Segunda, deixo o recibo. Terceira, meu pedido está pronto: uma Tarjeta de Familiar de Cidadão Europeo. Sem picles. Rárárá, Sem picles, a frase ainda ecoava em minha cabeça e o sorriso continuava marcando meu rosto quando entrei na oficina, segui para uma sala à direita e vi, mais uma vez, centenas de pessoas esperando por atendimento. Sim. Centenas, mas pareciam milhares. Não foi como das outras vezes, pois de imediato retirei minha senha R200, quando no painel o número R116 era chamado para a mesa 2. Não havia, portando, a tal fila gorda. Mas haveria espera. E de pé, porque as cadeiras eram raras e ocupadas. As mesas de atendimento ficavam na sala oposta ao hall de entrada, atrás de uma porta estreita. Portanto, não era possível acompanhar o atendimento dos chamados.

Não, isso não vai estragar meu dia, pensei, otimista, enquanto retirava do bolso o celular velho de guerra, que, quase automaticamente, acessou o ícone do famigerado sudoku. Vez em quando, espiava o painel, que piscava novamente, chamando agora o R117 para a mesa 2. Comecei a averiguar aquele objeto eletrônico para desenhar um perfil da minha situação. O que concluí, após alguns minutos, foi simples. Havia apenas 2 mesas atendendo, a mesa 1 e a mesa 2. O atendimento na mesa 1 era demorado, pois os números destinados àquela locação eram bastante espaçados. Já a mesa 2 atendia rapidamente. O atendimento todo girava em torno de 4 ou 3 minutos, dependendo do caso. Em alguns momentos, o painel ficava silencioso, e todos observavam e aguardavam silenciosamente o próximo bip.

Voltei ao jogo, e acompanhava mentalmente o número de bips, para não perder minha chamada. Quando chamar o R190, eu paro de jogar, pego a papelada que já está separada desde dezembro e esperarei ohando fixamente o painel. O R189 foi para a mesa 1, e o R190, para a 2. Começou, então, a contagem regressiva para o fim da minha novela. Os números brilhavam, laranjas, no painel escuro, um, depois o outro, rapidamente, até estancar no R199. Foram longos 6 minutos de espera. Quem me atenderia? A lerdeza da mesa 1? A eficiência da mesa 2? Bip. R200. Mesa 2. 10h34.

Atravessei o curto hall, entrei na sala de atendimento e parei. Que estranho. Consegui contar 5 mesas, mas apenas 1 estava ocupada. Uma senhora, de 60 e muitos anos talvez, com a cara mais fechada que Banco em feriado nacional, sentada atrás da grande mesa de madeira, fazia um atendimento. Eu, besta, sem saber o que pensar, perguntei educadamente, Mesa 2? Ela respondeu, com a cara tão sólida que parecia um ventríloquo, Você está vendo mais alguém na sala? Eu fiquei calmo, apesar do suor começar a brotar da testa. Sabe, quando o suor nasce na testa ou na nuca, e dá até pra sentir? Não sei, acho que meu copo estava bem cheio, e meu nervosismo se devia, claro, ao medo da velha resolver pingar a gota d´água, e eu perder o controle. Quer dizer, hoje o dia estava indo até que bem, o problema é a bagagem que a gente leva.

Bom, não sorri, não fiz cara feia. Só suei porque não é controlável. Aguardei minha vez. Enquanto isso, ouvi a discussão da velha com o homem que estava sendo atendido. Ela explicou que estava sozinha a manhã toda, e que o aparelho da mesa 1, logo ao lado, responsável por chamar a próxima senha no painel eletrônico, disparava sozinho, e ela não estava dando conta, e blá blá blá. O homem saiu, dei um passo à frente, abri minha pasta, retirei todos os documentos e entreguei-os à Sra. Educação. Ela leu, leu, e, de repente, soltou um suspiro alto, quase uma bufada. Fodeu, pensei na hora. Broxado e derrotado, ouvi a velha reclamando que eu não havia colocado meu nome no recibo da taxa. É isso? Mas o funcionário do Banco onde paguei a taxa disse que era necessário apenas constar o número do meu NIE, e... Quer saber, não vou falar nada. Nada. Peguei a caneta cedida pela mão enrrugada da atendente, escrevi meu nome completo, calle, números, e estava escrevendo Barcelona e ouvi aquela voz cinza dizendo Não precisa. Parei no Ba, entreguei o papel, a caneta, e não pude sequer olhar para a funcionária, pois, ao mirar a mesa, eu a vi. Minha tarjeta.

Sim. Minha tarjeta. Disse Tchau enquanto guardava tudo em minha mochila, para ter nas mãos apenas ela. Minha tarjeta. De súbito, toda minha história referente àquele pedacinho de plástico tatuado com minhas informaçõs voltaram, mas, desta vez, o filme foi projetado às avessas, desde aquele momento até a primeira pergunta feita, como se a história fosse desfeita, de alguma forma. E de todas as questões, informações, grosserias, respostas atravessadas, apenas uma palavra continuava em minha mente. Apenas uma.

Consegui!

Rolam os créditos.

Bônus - A volta

Feliz da vida, desci toda a Rambla, virei à esquerda na Trafalgar em direção ao Arc. Andava alegre e despreocupado quando vi logo ali, na minha frente, na esquina, que a calçada estava fechada para obras. Num cercado formado por pedaços de cerca de barras de ferro amarelas, funcionários abriam buracos, retiravam paralelepípedos, alguns conversavam, mas a maioria trabalhava. Com outra fileira dessas barras amarelas, formaram um caminho para os transeuntes.

Tomei direção para este caminho, e, ao desviar de um homem que andava na direção oposta à minha, toquei a cerca amarela com a mão direita. Apenas toquei. Mas pude perceber, pelo canto dos olhos, que aquela cerca, que media cerca de 1,50m de comprimento por 1m de altura, começou a cair. E em direção ao funcionário que, dentro de um pequeno buraco, escavava a calçada de costas para a tal cerca. Continuei andando, observando, discretamente, aquela cerca, que pendia, em slow motion, para dentro do cercado. Para dentro do buraco. Para as costas do funcionário. Comecei a andar mais rapidamente, o que fez aumentar a sensação de demora da queda do tal objeto. Quando não conseguia mais olhar pelo canto dos olhos, decidi seguir em frente e não olhei mais para trás. Apertei tanto o passo que os dedos dos pés quase gangrenaram.

Após cerca de 150m, parei e olhei em direção ao canteiro de obras, como quem procura por um ônibus, ou táxi. Ninguém me seguia. Não havia correria. Ninguém gritou pelo meu nome (Hey, Barbudón!). Ninguém.. Ih, peralá. Tem um cara, meio grisalho, meio calvo, de jaqueta amarela com faixas cinzas refletoras, vindo em minha direção!

Desisti do ônibus e do táxi e retomei o meu caminho. Dobrei a esquina, segui em frente na Comerç, atravessei a rua, voltei à calçada, comecei a procurar as chaves no meu bolso, vi um objeto no chão, observei alguns homens que faziam uma ref... Pera lá. Que objeto é esse? Voltei 3 ou 4 passos, olhei para um lado, para o outro, não vi ninguém por perto e recolhi o que parecia ser uma nota de 10 euros. E era. Nova, estalando. Resolvi ficar ali, com a nota nas mãos, para ver se aparecia alguém procurando por ela. Afinal de contas, perder dinheiro pode acabar com o dia de qualquer um, e seria uma boa ação, que contrastaria com o soterramento que causei alguns minutos antes. E fiquei parado, na calçada, esperando.

Foram os 2 segundos mais demorados da minha vida. Quando percebi que ninguém havia aparecido, retomei o passo, andei cerca de 20 metros e entrei no prédio. Tomei o caminho para o elevador, que, por sorte, estava lá. Fechei a porta, pressionei meu andar e fiquei observando, pelo vidro, se aparecia alguém, ou vestindo jaqueta amarela com faixas cinzas refletoras, ou com um furo no bolso, gritando meu nome e batendo violentamente contra a porta de entrada no prédio.

Não apareceu ninguém. Mesmo assim, decidi passar o resto do dia no quarto, trabalhando. Vai que...

Estamos bem. Muito bem! Amamos vocês.

Besos tarjetados

Nando (e Mi, que já gastou os 10 euros com passagens para o metro)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Curta-metragem (08/01/2011)

Resolvi treinar um pouco mais a arte da edição de vídeos. Quem sabe não me profissionalizo?

Meu primeiro curta-metragem. Espero que você "curta" bastante! Hahaha... haha... ah, deixa pra lá...


Besos cinematográficos

Nando (e Mi, morrendo de vergonha de sua atuação)