segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Antepenúltimo capítulo (22/11/10)

O dia começou nervoso. Nervoso de ansiedade, não ira. Acordei relativamente cedo, perto das 10h da manhã, por conta do plantão de ontem. Tomei meu café, comi meu desjejum e esperei. Esperei notícias do trabalho, do tradutor, qualquer notícia. Já havia resolvido. Buscaria a tradução da minha certidão de casamento italiana hoje, iria amanhã à oficina de extranjeria levar o restante dos documentos, e quarta finalizaria o processo em outra oficina.

Resolvi escrever para o tradutor, perguntando sobre o trabalho. Minutos depois, a resposta. Estava pronta. Eu deveria buscá-la até 14h30. Chequei o horário de funcionamento da oficina de extranjeria. Iria até 17h. Resolvi fazer as duas coisas. Quem sabe? É uma viagem a menos. Em pouco tempo estava pronto. Arrumei minha mochila, conferi os documentos, separei tudo, beijei a Mi e saí. Decidi ir a pé ao tradutor, cujo escritório está localizado em frente à universidade. Não é longe.

Andei a passo acelerado até a praça Catalunha, só desviando para entrar na estação de metro, onde troquei o dinheiro ao comprar uma passagem T-10. Voltei à superfície, atravessei uma avenida e segui o quarteirão até dobrar à direita duas vezes e encontrar o prédio. Entrei, subi até o penúltimo andar e abri a 2ª porta, que continha uma placa indicativa. Lá dentro, um homem era atendido. Depois um casal de brasileiros, depois um africano, depois eu. A fila foi andando até que encostei no balcão. Comecei a falar com Josep, que lembrou-se de mim e do meu caso. Estava tudo pronto. Ele me apresentou o documento, eu lhe entreguei 2 notas de 20, e ele 1 de 10. Simples, rápido e fácil. Ah, se tudo aqui fosse assim...

Desci organizando meus papéis, virei à esquerda e fui em direção à estação da universidade, linha vermelha (L1). Lá chegando, entrei no trem que seguia ao Fondo. Praça Catalunha, Urquinaona, Arco do Triunfo, Marina, Glòries, Clot e Navas. Nesta desci, subi as escadas e lá estava eu novamente, pela terceira - e talvez última - vez. Enquanto andava, lembrava das vezes em que nós não sabíamos onde estávamos, ou se estávamos no lugar certo. As portas fechadas, as filas, a espera, o desencontro de informações. Rapidamente cheguei ao lugar, mas passei reto, pois ainda precisava de fotocópias.

Logo ao lado, numa sala estranha, ampla e apertada ao mesmo tempo, uma senhora usando um lenço que lhe cobria toda a cabeça, com exceção do rosto arredondado, aguardava no balcão, do lado de lá. Pedi as cópias apresentando os originais. Ela rapidamente prestou o serviço, e paguei-lhe o euro pedido. Saí, retornei alguns metros e me apresentei ao guardinha. Falei, ele me sorriu e pediu-me para entrar. Passei pelo detector de metais, retirei minha senha e aguardei. Cerca de 2 minutos se passaram até meu número piscar na tela. Era o primeiro atendimento. Após minha explicação, a moça da mesa 50 me cedeu outra senha. Desta vez esperei cerca de meia hora até ser chamado. O lugar estava vazio, tanto de solicitantes como de funcionários. E lá fui eu.

Sorridente, a funcionária da mesa 23 me recepcionou. Eu retornei o sorriso, enrolei a língua e cuspi o castelhano que havia treinado. Ela entendeu, leu o papel que havia levado, anotou o número do meu processo e foi aos arquivos buscar minha pasta. Logo, lá estava ela, pedindo as documentações que faltavam. Entreguei o empadronamento da Mi. 'Não precisa de fotocópia? Vale.' Guardei a fotocópia. 'A certidão de casamento? Aqui está. E a fotocópia, precisa? Precisa, então eis-la.' Aí, meu querido leitor, é que suei frio. Entenda o caso.

Os documentos apresentados - todos - precisam ter, no máximo, 3 meses de expedição. Mais que isso, não valem nada. E nossa certidão italiana era válida até dia 11 de novembro. Fomos ao consulado pedir uma atualização, mas não há escritório de registro civil em Barcelona. Teríamos que fazer o pedido oficial à Itália, aguardar 2 semanas e pagar cerca de 120 euros. Então, era esse documento ou... De qualquer forma, na sexta passada, o funcionário leu o documento e não disse nada a respeito da data. Então, por conta disso, decidi arriscar. Bom, voltemos a hoje.

A funcionária abriu a pasta da tradução e começou a ler. Verificou as informações da certidão com as que estavam em minha ficha de solicitação. E eu suando, guardando pastas e papéis, tentando disfarçar, o que, geralmente, só piora a cena. Até que veio a frase que eu não queria ouvir: 'É, na verdade este documento caducou há alguns dias.' Um filme passou pela minha cabeça. Eu não tinha nem forças para negociar. Melhor ficar em silêncio. Afinal, sou extrangeiro, talvez ela pense que não entendi o que ela falou. Mantive o meio-sorriso na cara, braços sobre a mesa e olhos fixos na funcionária. Ela resmungou mais um pouco, e fez o que eu não esperava.

Carimbou a folha.

Sim, sim, consegui! O processo fora iniciado. Ela imprimiu uma folha, duas vias, carimbou novamente ambas, passou-me a minha e disse: 'Ya está.' Eu, ainda paralisado com aquele primeiro carimbo, consegui juntar algumas palavras e perguntei qual o próximo passo. Ela indicou, na folha, o que eu deveria fazer, que é o seguinte. Após o dia 7 de dezembro, devo apresentar-me à outra oficina de extranjería, levando o tal papel, 3 fotos tipo carnet e meu passaporte. Lá, eles recolherão minhas digitais e cobrarão pela tarjeta. Eu pagarei a quantia e retornarei 30 dias depois para retirá-la. E foi isso. Ainda faltam 2 capítulos para o término desta novela. Mas ao menos sei onde ir e o que fazer, e isso é de uma ajuda sem precedentes.

Aqui, a foto do vencedor segurando o papel que já indica, inclusive, meu novo número de identidade. Meu NIE. Não é (são) lindo(s)?

Na mesma foto, um exemplo do 'meio-sorriso' causador da carimbada. Próximo (penúltimo) capítulo, dia 7 de dezembro. Não percam!

Estamos bem, amamos vocês

Besos documentados

Nando (e Mi, tentando dormir enquanto me espia por baixo da venda preta)

2 comentários:

  1. Que sufoco,hein?
    Mas agora tudo vai dar certo !!!!!
    Muitos beijos e amamos vocês!!!!!

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  2. Parabéns por ter conseguido, e como sempre cada um dá uma informação. Temos que fazer cara como "eu não estou entendendo"...é sempre assim, melhor sermos educados para conseguirmos o nosso objetivo. Nando você narrando a cara da funcionária, dá para a gente visualizar a figura, é engraçado para não ser trágico. Enfim, conseguiu. A próxima etapa será mais fácil. Não vamos desanimar...Beijos. ..

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