domingo, 7 de novembro de 2010

SábaDomingo (07/11/10)

Sábado é o dia oficial do passeio. Não temos o costume de sair de noite, pois qualquer saída significa gasto de dinheiro. Como não estamos (ainda) podendo, o negócio é bater perna mesmo. Mas temos saúde, somos jovens e estamos dispostos. Portanto, saímos logo após o almoço de casa. Não viramos à direita para pegar a Princesa. Ao invés disso, viramos à esquerda e fomos pelo mesmo caminho que fiz rumo à Biblioteca (ver 2 posts atrás). Quando fui mostrar a igreja que descobri por ali, no meio de uma praça, nos deparamos com um casamento.

Apesar da vergonha, entramos na igreja e vimos o fim da cerimônia, justamente a parte do beijo dos noivos. Havia um caminho desenhado por um tapete vermelho, rodeado por velas, que levou a noiva ao altar. Eram poucos e bem vestidos convidados. Na saída, cada qual ganhava seu quinhão de pétalas de rosas para saudar a saída dos pombinhos. Nós ficamos de prontidão na ponta da escadaria, esperando o momento. Não bati a foto das pétalas jogadas, pois queria presenciar o momento. Por mais que queira noticiar tudo o que for possível neste blog, alguns momentos preciso vivenciar com meus próprios olhos, e não através da lente da câmera.

De lá, fomos ao Palácio da Música Catalã. A Mi também ficou embasbacada com o lugar. Descemos uma viela, viramos à esquerda e entramos na Biblioteca. Ouvi quando a Mi sentenciou: "Que bom, agora você achou seu lugar em Barcelona. Aqui tem a sua cara. Quando você sumir, sei onde lhe procurar." É verdade.

De lá, e logo ao lado, fomos ao Mercado Santa Caterina, onde, além das barracas de frutas, legumes, carnes, queijos, comida pronta e flores em geral, encontra-se um museu de escavações de muralhas romanas. Mais uma vez, a Mi ficou animada. Nem tanto com a muralha datada do ano 10 dc, e sim com a incrível seleção de tomates que encontramos em uma das tendas. Tinha tomate de tudo quanto é tipo e para todos os gostos. Minha sogrinha iria se contorcer de emoção, tenho certeza. Ao lado, no mesmo stand, frutas variadas e coloridas. Inclusive todos os tipos de berrys (morango, franboesa, mirtilo, amora) e cerejas vermelhas e brilhantes. Vou me acabar nas cerejas este ano. Ao sairmos do mercado, saquei uma foto da construção.

Depois disso, fomos em direção à Rambla. A Mi não sabia o que faríamos ou aonde iríamos, pois pedi para ser o guia do dia. Disse apenas que ela adoraria o passeio. Em pouco tempo alcançamos uma Rambla marginal, ao lado da principal, que estava lotada de turistas e artistas de rua. Lá, visitamos uma loja da H&M - que a Mi adora -, percorremos os 3 andares do lugar e nos deliciamos principalmente com as roupas infantis masculinas. Pensamos muito no nosso sobrinho-barra-afilhado, Rodrigão. Body com gravata tradicional ou borboleta, pijama do Superhomem, conjunto do Snoopy e vários outros temas. Felizmente, ou infelizmente, não temos dinheiro. Mas foi difícil segurar a 'dinda', que babava a cada nova descoberta no setor.

De lá, subimos para algumas barraquinhas de madeira com artistas da região. Depois almoçamos. Sim, no McDonalds, claro. Após o lanche e com nossa energia renovada, fomos para a Rambla principal. Subimos em direção à Praça Catalunha, e entramos na Fnac. Lá, retiramos os ingressos que compramos online para um evento sobre o qual falarei apenas no post de, provavelmente, quinta-feira próxima. Portanto, aguardem. Será imperdível!

Depois disso tudo, e cansados, resolvemos voltar para casa. Mas o caminho nos reservava mais algumas surpresas. Fomos por uma ruela que eu sabia ser muito importante, particularmente. Nesta rua antiga, encontramos o restaurante Els 4 Gats. Simplesmente o restaurante preferido de Picasso. Lá ele fez sua primeira exposição (1899), além de frequentar reuniões de intelectuais e artistas do velho mundo. Desde que aqui estamos, eu insistia para visitarmos o local. Mas, por estar bem no meio da Cidade Velha, era difícil achar este lugarzinho aconchegante e elegante. Apenas observei o ambiente interno, e pude perceber que, lá dentro, aparentemente, o tempo parou.

Depois das fotos no Els 4 Gats, seguimos adiante. Ao chegarmos na Avenida Laietana, isto é, na metade do caminho, vimos muitos camburões da polícia de Barcelona. Na avenida, vários policiais, alguns correndo de lá pra cá e de cá pra lá. Outros, seguindo em direção à Praça Jaume, onde, normalmente, pegamos o metro para a L4 - amarela. Como bom brasileiro, ao ver a muvuca instaurada logo em frente, fui atrás de informações. Novamente liguei minha câmera e andei em direção ao que parecia ser uma carreata. E era isso mesmo.

Um grupo político (de esquerda) estava manifestando desagrado em relação à visita do Papa Bento XVI neste domingo, dia 07, que consagraria a Sagrada Família, tornando-se, esta, basílica. Gritando palavras de ordem em catalão, o pequeno grupo marchava alguns metros e parava. Depois, marchava mais um pouco, e parava, e por aí seguia. Placas, bandeiras e cartazes erguidos, folhetos e impressos jogados no chão. Fotografei dois.

Não quero, neste blog, começar um debate religioso. Não pretendo dizer o que eu acho disso tudo, a não ser que alguém me pergunte. De qualquer forma, achei importante registrar, em fotos e vídeo, este momento. Provavelmente, depois de algum tempo, não nos lembraremos do acontecido. Mas esse tipo de evento temporal não deixa de ser interessante, mesmo quando não tomamos partido dos fatos.



Resolvemos, então, ir para casa. O dia estava acabando, o sol já não havia, o calor do asfalto se dissipava rapidamente. O vento corria as ruelas da Cidade Velha, mandando a turistaiada voltar para seus quartos de hotel. Mas, quando eu e Mi conversamos sobre o que gostaríamos de fazer no dia seguinte, domingo, decidimos agir. O Papa passaria perto de casa às 9h da manhã, e resolvemos não ir ao desfile, por dois motivos.

Primeiro, acordar cedo num domingo pra ver o Papa passando no Papa-móvel durante uns 3 segundos, e ainda no local onde haveria, segundo informações, uma manifestação (beijaço) de gays e lésbicas, não é um programa que nos deixa super entusiasmados a ponto de encarar tudo isso. Descartamos. Em segundo lugar, aqui em Barcelona, a entrada aos museus (a maioria) é gratuita todo primeiro domingo do mês. E dia 7 seria o primeiro domingo de novembro. Eu e a Mi estávamos doidos para visitar o Museu Picasso, que fica a poucos metros de casa, mas nunca entramos por conta do valor do ingresso. Fora isso, o museu está recebendo uma exposição de Degas, o 'pintor das bailarinas'. Olha o cartaz.

Portanto, decidimos ir ao museu. Deixa o Papa e o beijaço pra lá. Bom, então, fomos naquele instante à recepção do museu, pedir informações sobre abertura e fechamento do local aos domingos. Ouvimos que as portas são abertas às 10h da manhã. Geralmente, forma-se uma fila gigante em frente ao museu, coincidentemente aos domingos, e principalmente quanto este é o primeiro do mês corrente. Por que será? (Em tempo: hoje, domingo, fomos conferir se realmente os turistas prefeririam visitar Picasso ao Papa. E olha a fila.)


Aí, descobrimos uma coisa muito interessante. O preço para entrar no museu Picasso é de 9 euros. Vale. Porém, existe a opção de compra do carné Picasso, que é um cartão que possibilita a entrada para o museu e exposições, durante um ano a partir da compra. E qual o preço do carné? 10 euros. Poxa, pelo custo benefício, já que aqui moramos, resolvemos fazer nosso carné. Assim, podemos ir quando quisermos, passar minutos ou horas lá dentro, vendo pinturas, esculturas e exposições, independente de dia ou hora. Fomos ao guichê, encontramos uma funcionária super simpática e bem humorada (sem ironia), e fizemos nossos carnés. E cada qual é pessoal e intransferível, inclusive com foto do associado. Olha que bonitinho!

Sim, a gente sabe que parece a imagem do Michael Jackson nos carnés, mas o rosto pintado é de uma personagem de alguns quadros de Picasso, chamada Nana, que, em Catalão, significa 'feia pra burro', ou algo do tipo. Depois, com nossos carnés em mãos, fomos para casa jantar. Eu finalmente experimentei meu CaviArt - o caviar falso - e achei uma delícia. Apesar dos protestos de Mi e Fernanda, fiz questão de descrever o gosto da pasta e a sensação de se comer essas bolinhas salgadas com sabor de mar. Mas será que o gosto é o mesmo do caviar convencional?Acho que terei que experimentar o verdadeiro, e em breve.

Então, foi isso. No domingo fomos ao museu Picasso, mas muito mais para tirar onda com o pessoal da fila do que para admirar as coleções. Voltaremos em breve, e farei minhas considerações das obras mais importantes destes dois artistas que lá estão expostas.

Estamos bem, amamos vocês.

Beijos caviáricos

Nando (e Mi, planejando nosso Natal. Aí vem surpresa!)

4 comentários:

  1. Cultura .........cultura e mais cultura!!!!
    Tudo isso é muito bom!!!!!
    Adorei o passeio!!!
    Brigadão!!!!
    Beijos e amamos vocês!!!!

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  2. aaaaaa e tambèm náo pegar fila uhuuuuuuuuuuuu

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  3. adorei paai!! so fiquei com nojo extremo dessa sanduíche seu aí!
    hahahahhahahah
    te amo muitoooooooo!!
    bjos
    PS: aa e coitado do papa!

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