quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Roma II - re-upload (28/10/10)

Por problemas técnicos, tive que recolocar o vídeo de Roma. Algumas cenas sumiram, mas já arrumei e aqui está:


Minhas desculpas para Tati Bertucci, que comentou nosso vídeo no Youtube. Tati, seu comentário está guardado, ok?

Agora, vou aproveitar as últimas horas de 2010 com minha esposa, passear bastante e colher material pra postar no blog. Nossa... Colher material... Ficou parecendo exame de fezes.

Amamos vocês. Estamos bem!

Besos laboratoriais

Nando (e Mi, na sala, me esperando para ajudar a guardar as coisas. E sobre colocar "exame de fezes" no post, ela vai falar tanta merda pra mim... Rá!!)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Roma (28/10/10)

Ah, Roma... Essa viagem não dá para contar em palavras. Nem em fotos. O jeito foi filmar mesmo. Espero que vocês gostem da edição. Eu sugiro que vocês cliquem no vídeo para vê-lo na página do Youtube, porque ele fica maior, mais bacana. Ah, e liga o som bem alto!

Com vocês, Mi e nando visitam Roma.


Tomara que este filme seja o primeiro de uma série.

Estamos bem, amamos vocês.

Besos romanos

Nando (e Mi, quase chegando, e eu tendo que correr para lavar a louça antes dela chegar)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Saudade (26/12/10)

Em alguns dias postarei fotos e vídeos de Roma. É que acabei de baixar o programa de edição de vídeos, e quero caprichar para vocês. Enquanto isso, gostaria de compartilhar algo com vocês.

Quando estávamos andando pelo Palatino, perto do Colosseo, em Roma, vi meu tío. Levei um susto, pois não sabia que ele viria à Roma. Depois de me aproximar, percebi que não era ele. Até saquei uma foto para poder mostrar para minha família, e comparar a semelhança dos dois.

Sempre que vamos a um mercado de frutas e verduras, visualizo perfeitamente minha sogra escolhendo os tomates mais maduros e as folhas mais verdes. Enquanto isso, meu sogro admira as carnes vermelhas, chourizos, peças bizarras de animais, tudo isso na tienda ao lado.

Visitando o El Corte Inglés, paro e sigo com os olhos meus pais andando por entre as diversas araras. Meu pai na frente, andando apressado e depois voltando para emparelhar com minha mãe, que se detém a cada mostruário. Ele, claro, carregando várias sacolas, e pronto para subir mais alguns andares, onde ficam os eletrônicos.

Nas ruas e Ramblas, num fim de tarde, nos cansamos de ver Diego Moraes andando por entre outro mortais, sempre chiquérrimo com sua roupa da Desigual, cabelo solto e cachecol colorido. Dependendo do frio, decidimos tomar um café com tapas, e encontro, do lado oposto da mesa, o Ju e a Taïs, assoprando a taza, fazendo a fumaça atravessar a mesa e sumir, assim como a cena toda.

Eu citei alguns exemplos - reais -, mas isso acontece o tempo inteiro, com a sobrinhada, familiares, amigos. Vemos diariamente todos vocês, aqui, do nosso lado, vivendo com a gente. A saudade faz a gente ver quem a gente ama sempre ao nosso lado, e pode tanto piorar a situação como melhorar. Geralmente melhora.

Estamos bem, com saudades, e amamos vocês.

Besos saudosos

Nando (e Mi, teclando no msn e assistindo tv brasileira, para amenizar a saudade)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bate-perna (20/12/2010)

Estou cansado só de pensar no cansaço que foi nosso fim-de-semana. Em contrapartida, a felicidade foi igualmente gigantesca. O casal aqui, pela primeira vez, atuou como Guia Turístico - e, de quebra, Personal Training - da Fabiane, que tinha apenas 2 dias para conhecer Barcelona. Fizemos um roteiro que coubesse tanto no curto período de tempo quanto no desejo da nossa turista. E creio que deu certo.

No sábado acordamos lá pelas 8h, nos arrumamos e fomos ao hotel de Fabiane. Fica bem perto de casa, a caminhada foi gostosa e serviu para esquentar o frio que fazia. Chegamos 9h30, esperamos um pouco e lá estava nossa convidada, pronta e disposta. Saímos do hotel, pegamos o Passeig de Colom à direita, subimos La Rambla até o metro Drassanes. Seguimos pela L3 verde até o Passeig de Gràcia. Seguimos um corredor longo e claustrofóbico entre linha verde e amarela naquela estação, seguimos então pela linha amarela, L4, até El maresme, onde saltamos e encontramos o Diagonal Mar.

Havíamos falado maravilhas do Primark para a Fabi, e ela quis conferir. Foi a primeira tienda que visitamos, e lá ficamos por um bom tempo. Eu precisei sair um pouco, pois, apesar do frio, fazia um calor rio-de-janeirense dentro da loja. Depois retornei e encontrei com elas. Mi estava carregando uma sacolinha com um pack de 5 cuecas pretas tamanho L que eu havia escolhido (quem viu o post anterior viu que eu realmente preciso de cuecas...). Já a Fabi... Uma sacola grande, cheia e pesada. Ela aproveitou os preços minúsculos do local e levou várias pequenas coisas, acessórios, meias, esse tipo de produto, que não pesa no bolso, mas pesa na mão. Ela e mi resolveram fazer um rodízio. Cada uma levaria um pouco a sacola, para não pesar demais para apenas uma das partes. Eu fiquei quieto. Mandei meu lado mais cavalheiro calar a boca para ver quando que sobraria pro moçoilo aqui.

Fomos almoçar. Tantas opções, tantos sabores mediterrâneos e europeus, e onde fomos? Sim. McDonalds. Novamente, o preço e a praticidade da lanchonete pesaram na decisão. Mas tudo bem. Depois do descanço e com a energia redobrada, tocamos em frente. Fomos ao Ryan Ryan, uma loja de presentes super bacana, com itens hilários como tatuagem de torrada e neve em lata. Depois, fomos a uma loja de maquiagens e perfumes. Ok, hora d`eu pegar minha rinite e sair novamente. Andamos mais um bocado naquele shopping. E adivinha quem acabou carregando a sacolona do Primark? Adivinha? Sim, acertou. Moi.

Falamos das possibilidades de passeio para o restante do dia. A Fabi ouviu tudo pacientemente até que comentamos sobre a loja da Disney, em outro centro comercial, ali perto. Seus olhos brilharam, e ela disse É aí mesmo. E lá fomos nós de Tram. Descemos cerca de 3 pontos depois, e, da mesma forma como fizemos no primeiro centro, também não perdemos tempo e fomos para a loja da Disney. É um lugar mágico, com brinquedos exclusivos que, infelizmente, não existem no Brasil. E eu caí na besteira de falar isso para ela. Foram bonecos, caixa de bombom, e isso e aquilo... Lá vem a Fabi, saindo da loja, com outra sacolona cheia.

Paramos para tomar um café e decidimos voltar. Passaríamos em casa para ela conhecer o cafofo, e para nos arrumarmos para o compromisso que tínhamos, e sobre o qual falarei em breve. Novamente pegamos o Tram, passamos pelo Parc de la Ciutadella, subimos em direção ao Arc del Triomf e pegamos a Carrer del Comerç até aqui. Descansamos, conversamos, nos arrumamos e levamos a Fabi para o seu hotel. Antes, combinamos novo passeio no dia seguinte. Saímos, pegamos novamente o Drassanes, L3 verde até a Catalunya e seguimos, pela primeira vez, de trem, S1 até Muntaner. Descemos, nos perdemos, nos achamos e chegamos.

Eram 19h58 precisamente. O combinado era 20h00. Tocamos o interfone, a porta abriu, entramos, subimos pelo elevador, fomos à 4ª porta, casa da família Curty-Pitt. Não, não fomos visitar o Brad não. Meus empregadores, Pat e Andrew, fizeram um jantar delicioso para comemorarmos o natal. Afinal de contas, dia 20 eles viajariam e só voltariam em Janeiro. Não vou entrar em detalhes, mas vou marcar as principais cenas deste jantar maravilhoso.

Demos um presentinho de natal para o Leandro, que veio no meu colo, com todo o peso de seus 6 meses de idade, e, após me encarar por uns bons 15 segundos, encostou sua cabeça no meu ombro. Tomamos um vinho delicioso e brindamos. Conversamos. Nos sentamos à mesa após o Leandro ter sido posto para dormir. Conversamos. Tomamos um caldo bem quente, muitíssimo saboroso, preparado pela Pat. Conversamos. Em seguida, Andrew trouxe um prato tipicamente inglês, preparado pelo próprio. Fish and Chips. As batatas estavam saborosíssimas, e o peixe, coberto por uma camada crocante e cheirosa a base de cerveja, desmanchava na boca. Abrimos uma cava, bebemos, conversamos, contamos piadas, rimos. A Pat trouxe um prato com uma boa variedade de queijos, para acompanhar nossa cava. Depois, a sobremesa. um bolo de sorvete com recheio de frutas vermelhas. Perto das 23h, o leandro acordou. Era nossa deixa para irmos. Agradecemos o jantar e a noite. Ganhamos de presente um cartão de natal lindo - que me fez chorar um bocadinho quando li aqui em casa - e uma cava, que abriremos em momento oportuno. Voltamos para casa de metro. E tudo isso só no sábado.

Domingo, 9h da manhã, já aguardávamos a Fabi em seu hotel. Como eu lembrei, neste dia, de levar a máquina fotográfica, vou falar menos e mostrar mais. Tiramos várias fotos no parc Güell, e as melhores seguem.

Depois, seguimos caminhando até a Sagrada Família. Foi uma delícia ver a cara embasbacada da Fabi quando descemos a calle e demos de cara com o monumento. Almoçamos no McDonalds em frente - ah vá, é mesmo? - pegamos o metro, descemos na Catalunya, descemos La Rambla e fim. Claro, adentramos becos e ruelas que só nós, que já estamos aqui há quase 90 dias - nossa, quanta coisa... - conhecemos. Enviamos também um postal para cada família - e também chorei um pouquinho - e o domingo terminou.

Foi cansativo, verdade, mas estamos transbordando de alegria. Conhecemos melhor a Fabi - e sua irmã, pois tudo ela falava da irmã - e passeamos bastante. E jantamos com a família Curty-Pitt, três (duas e meia) pessoas incríveis, que certamente estarão ainda em muitos e muitos posts.

E ficaremos até a manhã do dia 23 de dezembro longe da internet. É que eu e a Mi estamos de malas prontas. Já já - 7h15 da manhã do dia 21 - voaremos para Roma. Vamos passear muito e muito e muito, e voltarei com toneladas de fotos, vídeos e experiências.

Fiquem bem, amamos vocês, se cuidem, e comportem-se!

Recadinho pra Bia: e aí, passou de ano???

Besos romanos

Nando (e Mi, treinando com minha sogrinha seu italiano. Pizza! Macarrone! Má quê!)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Propaganda (17/12/2010)

Eu sei que muitos de vocês acompanham o blog. Sei que muitos leem, se divertem, choram, esperneiam com nossas lambanças aqui. mas gostaria muito de ler comentários, sugestões, críticas, enfim, um feedback qualquer, para que nós possamos sempre melhorar a forma ou o jeito como noticiamos nossa vida. Mais posts? Menos posts? Posts mais curtos? Mais longos? Mais fotos? Menos vídeos? Precisamos saber a sua opinião, caro leitor. Comentar está fácil, não precisa fazer login. Pode comentar como "Anônimo" e apenas assinar a mensagem no final.

Para tentar aumentar o número de comentários, eu e Mi (na verdade, só eu) decidimos fazer um pequeno anúncio, para ver se arrecadamos mais seguidores e conseguimos, de alguma forma, um retorno maior. Porque a gente adora ler os comentários de vocês. E, é claro, também queremos notícias daqueles que, infelizmente, não podemos contatar diariamente. Eu deixei o anúncio mais "para baixo" do post para tentar criar um impacto inicial. Então, aí vai a "peça". Literalmente:




5




4




3




2




1




Gostaram? Não gostaram? Então podem espalhar por aí e, é claro, comentar a vontade! Tente! É rápido, fácil e indolor (na maioria das vezes...).

Besos esperançosos

Nando (e Mi, que não quer levantar neste frio de jeito nenhum!)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Encontro (16/12/2010)

Acabamos de voltar de um encontro delicioso. São 23h, está um frio de 5 graus com sensação de 3 e está rolando um caldinho aqui em casa, que está cheia. Eu e Mi vamos ficar no quarto, descansando.

Eram 19h quando a Mi ligou, dizendo que estava saindo do trabalho. Eu havia acabado de tomar banho (e lavar o banheiro - literalmente - pois esta é a minha semana de limpar o apê) e disse que já sairia de casa. Estava com meus tênis, meias de lã, calça jeans, camiseta, blusão de algodão, blusão de plush, casacão tipo parca, luvas e gorro de lã. Sim, eu parecia um sino, de tão gordo e sem movimento. Mas estava pronto para sair, e foi o que fiz.
Como estava com tempo até o local do encontro, fui caminhando calmamente pelas ruas decoradas de Barcelona. E, a pedidos (da Taïs), vou colocar um mapinha do percurso, para poder acompanhar a narração.
Saindo do nosso prédio, andei pela Comerç até a Princesa, subi a rua, atravessei a Laietana e segui até a Praça Jaume, continuei sempre reto - agora pela Ferran - até La Rambla, virei à esquerda em direção ao porto, novamente à esquerda no Passeig de Colom até o Hotel Duquesa de Cardona, onde encontrei a Mi. E lá aguardamos alguns minutos até conhecermos a Fabiane.

Fabiane é amiga da minha irmã, trabalham juntas na Jas de Campinas. Ela veio para Barcelona para arrumar a casa do novo escritório. Deve ficar uma semana, isto é, até domingo próximo. Nos vimos no saguão do hotel. Ela é uma pessoa simpaticíssima, agradabilíssima, e desde o primeiro Oi percebemos que gostaríamos tanto dela quanto da noite por vir. Eram 20h10.

Saímos do hotel, viramos à direita até La Rambla e, desta vez, avançamos mar adentro, até o Maremagnum. No caminho, muito papo, muita risada. Entrando no shopping, um caganer gigante nos recepcionou. Aqui, algumas fotos para comprovar as dimensões do dito cujo (e do dito cujo do dito cujo) e para registrar nosso encontro.
Apresentamos a Fabiane à Lefties (ponta de estoque da Zara) e Natura, duas de nossas lojas preferidas. Ela ficou encantada. Falamos muito do Primark, que é mais barata que a Lefties e oferece muito mais opções.

Resolvemos escolher um lugar para comer. Ao lado da Natura (não é a marca de cosméticos) havia um restaurante chamado Fresc Co, do tipo all you can eat (tudo o que você consegue comer). Preço fixo de 11€. Aqui? Aqui. Vale. Lá fomos nós. Escolhemos saladas, peixes, pizzas, macarrão, etc, etc. Entre pratos e bebidas (refrigerantes) conversamos mais e mais, rimos mais e mais, e pudemos conhecer um pouco mais da Fabiane. E tínhamos razão. Adoramos ela! Tanto que já combinamos um programa para o sábado.

Vamos levá-la ao... Há, não vou contar agora, né? Só no próximo post. Pra finalizar, mais uma foto registrando as meninas tirando foto. Quer foto mais "turista"?

Deixamos Fabiane no hotel e voltamos para casa, caminhando pelo Passeig de Colom, até a Laietana, a qual subimos até a Princesa, e dela para casa. Paramos num mercat, compramos bananas e maçã, continuamos até nosso apartamento. Abrimos a porta e vimos um monte de gente. Hola, Hola, ¿que tal?, Encantado, smack smack (aqui é igual o Rio, sempre dois beijinhos), Hola, Hola... Ufa! Chegamos ao nosso quarto. Vamos descansar. Amanhã será um dia de muito trabalho para os dois, e particularmente para mim, porque tenho que armar um roteiro bacana para o sábado. Pensei em ir primeiro à... Uhhh, quase que escapa!

E foi isso. Estamos bem, trabalhando muito, aproveitando cada momento, aprendendo e experimentando a vida. Certamente, somos outras pessoas. Melhores, espero. Mas estas pessoas diferentes continuam amando vocês.

Besos diferentes

Nando (e Mi, aproveitando seu computador para ver as notícias do JN. Não sei se é boa ideia... Acidente, morte, aumento de salário de parlamentares e presidente...)


sábado, 11 de dezembro de 2010

E a novela... (11/12/10)

Continuando a novela do meu NIE, que já se estende por muito tempo, tempo demais. Depois daquela terça-feira, quando quase entrei na Comisaria, encafifei. Resolvi que não iria abaixar a cabeça. Decidido, aproveitei o dia seguinte, quarta, feriado aqui em Barcelona. Aqui, tanto domingo quanto feriado, tudo fecha, tudo para, nada funciona. São dias para se ficar em casa, namorando, assistindo tv, falando com a família pelo msn, ou adiantando trabalho. Fizemos tudo isso.

Com a energia renovada, preparamos, na noite de quarta, o despertador. A ideia era levantar o mais cedo possível, andar até a Comisaria - para economizar na passagem do metro - e aguardar minha vez. Revisei os papéis, chequei a mochila. Tudo certo. Deitamos felizes, dormimos rapidamente, mas, para mim, o sono foi leve e turbulento. Acordei várias vezes durante a madrugada, pensando ter perdido a hora. Cheguei a sonhar comigo acordando e percebendo que perdi a hora. Dormia mais um pouco, levantava assustado, pensando que havia perdido a hora. Duas, três, três e meia da manhã. Finalmente consegui relaxar, após checar o alarme, que na verdade são 3, com intervalos de 5 minutos entre cada toque. Deitei. Dormi.

Acordei quando tudo ainda estava escuro. Mais uma vez acordei com medo de perder a hora, pensei. Chequei o celular. Dez da manhã. Perdi a hora.

Não iria nem me dar ao trabalho de tentar, no meio da manhã, uma vaga na fila. Preferi ficar em casa, trabalhando, enquanto a Mi "canguruzava". Entre um site e outro, repetia mantras que diziam, em resumo, que eu precisava, sem falta, acordar cedo no dia seguinte. Após o jantar, repeti todo o processo da noite anterior. A Mi tentava me deixar otimista. Eu, preocupado, enquanto refazia etapa por etapa da preparação, desde a checagem da papelada até a configuração do alarme, cantava meus mantras mentalmente. A noite, novamente, agitada, com os mesmos pesadelos, a mesma sensação. Até que algo estranho aconteceu. Eu levantei incomodado com alguma coisa. Um som. Estridente. Repetitivo. O alarme! Consegui! Não precisei sequer dos outros dois. Mais do que depressa, estava pronto. A Mi acordou com a barulheira que fiz enquanto tentava não fazer barulho algum. Ela me desejou boa sorte, nos beijamos e saí.

Estava escuro e frio. Apesar disso, não peguei pesado com as roupas que vestia, pois a caminhada de 40 minutos é pura subida, e andar esquenta muito. Cantarolando, segui até o Arco, virei na Trafalgar à esquerda, segui sempre em frente até a Urquinaona. De lá, avistei a Praça Catalunha, passei por ela e, um quarteirão depois, virei à direita na Balmes. Sobe, atravessa, anda, espera o sinal, acende um cigarro, anda, tira gorro, acende outro cigarro, põe o gorro, e cheguei. Eram exatamente 8h02 quando dobrei a esquina e encontrei minha grande amiga: a merda da fila gorda. Entrei na mesma exatamente (mais ou menos) no mesmo ponto onde, terça, comecei minha aventura. Mas, desta vez, os portões não haviam sido abertos. Portanto, minhas chances eram boas. As pessoas chegavam aos montes.

Uma senhora de cerca de 40 anos, para menos, chegou de carro por aquela rua. Ali mesmo, sobre a calçada, estacionou e desceu. Logo depois, desceram também uma outra moça e um menininho, com cerca de 3 anos, talvez. Ela, claro, chegou atrás de mim, perguntou se eu era o último. Eu disse sim. Ela, então, começou num papo animado com a amiga, enquanto o filho, que gracinha de menino, se debruçava no meio fio, tentando catarrar. A cada cusparada bem sucedida, a mãe o parabenizava, toda orgulhosa. Mahala, mahala uiê!, sei lá que língua era aquela. E depois, ela voltava pro papo. Quando o pirralho percebeu que a boca já estava seca, começou a se afastar, andando para trás, sem olhar, até encostar na perda de quem? Claro. Na minha. Eu pensei em dar uma joelhada na cabeça do guri, mas acredito que a prisão espanhola deva ser pior que aquela fila. Resolvi dar aquela chacoalhada de perna, sabe, quando você pisa numa pilha de "merlim", e sacode a perna pra se livrar do exceso? Foi o que fiz. E deu certo! Me livrei do moleque.

No instante seguinte, percebi que a fila começou a andar. E consegui avançar bastante. Eram 08h36. Após me certificar de que o pentelho havia sossegado, saquei meu celular e me concentrei no Sudoku. Alguns minutos depois, 08h53 para ser exato, levei um cutucão no ombro. Alguém me chamando. Virei já pronto praquela minha conversa, de balançar a cabeça dizendo Si, No, Mierda, ou talvez um No tiengo, até meu amigo invisível fazer uma chamada no celular. Rodei o corpo 180 graus e quem eu encontro? A Mi! A danada esperou eu sair, se arrumou e foi ao meu encontro, só pra me fazer companhia. Não é linda essa minha esposa? E ainda me levou um copo de Coca Zero. Linda demais, ela.

Começamos a conversar, ela me explicou todo o plano dela, eu lhe contei a história do catarro. E nada da fila andar. Ela decidiu ir comprar um café para ela. Aquela manhã estava realmente bem fria. Poucos segundo depois de ver a Mi sumindo na esquina, não é que a fila resolve andar? E andou bem, bem até demais. Fiquei com receio de entrar na Comisaria e não deixarem a Mi passar depois. Quando faltavam cerca de 15 pessoas na minha frente, a fila parou novamente. Ufa. Agora é esperar pela Mi e torcer para uma nova andada. E a Mi não chegava, e não chegava. Teve uma hora, inclusive, que um policial bravo e uma senhora bacana percorreram os primeiros 50, 60 metros de fila, verificando os papéis das pessoas, para possíveis desavisados ou furadores de fila - pessoas que seguram o lugar na fila para, mais tarde, trocar com colegas ou a família, o que causa a tal fila gorda. Por sorte, fui atendido pela senhora. mostrei os papéis, Vale, é aqui mesmo, ela disse. Fiquei aliviado, e mais ainda quando vi a Mi chegando. Momentos depois, a fila andou mais, e mais, e mais, e, exatamente 10h15, pegamos a senha A91 e entramos na Comisaria.

Quer dizer, exatamente 10h15, pegamos a senha A91 e entramos na garagem da Comisaria. Lá nos sentamos e aguardamos. Como já havia contado no post anterior, é a garagem da Comisaria, mesmo. Carros, motos e nós. Sem painel eletrônico, água, banheiro, nada. Depois que a sala improvisada encheu, o tal policial bravo apareceu, e explicou as regras. Ele havia entregado senhas que continham a letra A e B seguida de um número. Ele chamaria a letra e o número, a pessoa teria que se levantar, buscar outra senha com ele e se dirigir, agora sim, para a sala da Comisaria. E começou. A01. A02. A03. A04. Quando ele falou A05, até a pessoa com a senha A60 já estava de pé lá na frente. Ele, com cara de merda, parou de contar e mandou todo mundo voltar para o lugar. Me senti na escola novamente. O pessoal foi voltando, até que ele retomou a chamada. E parou no A25.

Ficamos lá conversando, lendo jornal, comentando sobre as pessoas que lá estavam, enfim, passando o tempo, que não passava. De repente, mais pessoas começaram a chegar. Era um bom presságio. Lá veio o policial bravo de novo, e retomou do A26. A27. A28. Eu imaginei que, desta vez, ele chamaria até o A50, e assim por diante. A49. A50. A51. Opa, que maravilha! Será que chega no nosso número? A76. A77. A78. Vai meu filho, falta pouco. Quando chamar o A89, levantamos, disse para a Mi. A85. A86. A Mi levantou. A87. Fomos para o corredor oposto, onde, no final, estava o policial. A88. Diminui a marcha para não provocá-lo. A89. Falta pouco. A90. Já estávamos na frente dele. A91. Quis gritar bingo, mas achei melhor entregar nossa senha e aceitar a nova silenciosamnte. Número 212. Eram 10h50.

Andamos em direção ao prédio da Comisaria, calmamente, comemorando mais uma etapa vencida. E agora? O que nos aguarda? No caminho entre a garagem e o prédio, falei pra Mi, Mi, olha o batman! Era uma freirinha, baixinha, que mereceu um Óóó da Mi. Voltaremos a falar dela em breve.

Chegamos por um corredor que terminava numa sala de tamanho médio. Várias cadeiras pretas, 12 mesas de atendimento, um painel eletrônico que marcava 112. Minha senha era 212. Apenas 100 números nos separam do atendimento, que, por si só, ainda era nova dúvida. Nos sentamos e esperamos. Fizemos planos de viagens, falamos (eu falei) mal das outras pessoas, tiramos sarro (eu tirei) das outras pessoas, jogamos (eu joguei) Sudoku, e sempre de olho no painel eletrônico. A certa altura do campeonato, fiz algumas contas e previ que seríamos atendidos tal hora. A Mi fez a sugestão dela. Não apostamos nada porque a grana é curta. E o painel piscando. O atendimento era até que rápido. Eu controlava o score. Faltam 80. Faltam 70, 60. Nãnão, contei errado, faltam 50.

Eu sei que é chato, mas eu realmente estava ansioso. Veja bem, meu visto de turista vale por 3 meses, e este período termina no dia 28 de dezembro. Então, essa contagem regressiva, para mim, era decisiva mesmo.

A sala esvaziava rapidamente, e, de repente, uma multidão chegava e lotava o local de novo. Na última entrada em massa que vimos, quem eu vejo se aproximar de mim? Sim. A freira. Eu falei Mi, quer apostar quanto que ela vai se sentar do meu lado? Dito e feito. Tá vendo, Nando, é um sinal, ela vai te converter!, disse a Mi. Me converter eu não sei, mas ela já me deu uma chicotada com o terço de marfim que saiu até fumaça da carne, confessei. Quanto mais eu não rezo...

Quando o painel chamou o 212, fiquei aflito. Me deu um branco, não sabia onde era a mesa 1, que faria meu atendimento. No caminho, tentei me recompor e, ao sentar-me na cadeira, desembuchei a falar e fazer piadas. Ela perguntou o que eu gostaria de solicitar. Entreguei o papel que indicava o começo do meu processo. Ela pediu meu passaporte. Entreguei, e perguntei se precisava de fotocópia. Não precisava. Ela pediu o número do NIE da Mi. Entreguei a folha original. Perguntei se ela queria fotocópia. Ela disse que não, com um ar de chateação. Disse Olha, se quiser é só falar, porque eu trouxe fotocópia de tudo!, e finalmente ela sorriu. Claro que eu disse em castelhano, e não sei se ela riu da piada em si ou da minha cara. Mas. Entramos na sala do atendimento às 12h19. Exatamente 12h24, cruzamos o portão de saída da Comisaria.

Conseguimos!

Mas a novela ainda tem um capítulo final, mas tipo capítulo final de novela das sete, com casamentos e nascimentos, e não com solução de tramas e assassinatos, como em fim de novela das oito. A partir de 10 de janeiro de 2011, minha tarjeta estará pronta, em outra Comisaria. Devo retirar o documento a partir desta data, levando o canhoto do protocolo e a guia paga de 10€. E fim! Já aproveitamos o ensejo e pagamos a taxa. Com este canhoto, já posso ficar tranquilamente em Barcelona pelos próximos 5 anos. Ainda preciso andar com meu passaporte, mas as filas e chateações e burocracia referentes à esta documentação, aparentemente, acabaram.

Queria contar de como a cidade está bonita, toda enfeitada de Natal, ou Navidad, ou ainda Nadal. Mas vou deixar para o próximo post, com muitas fotos e vídeos. Enquanto isso, uma amostra do que vem por aí!

Estamos bem, amamos vocês. Está tudo indo bem!

Besos longos

Nando (e Mi, rindo ainda da história da freira)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Post bônus: Múltipla escolha (08/12/2010)

Como já havia dito, amanhã vou novamente tentar finalizar a - ou passar para o próximo capítulo da - novela do meu documento. Por conta disso, resolvi passar a máquina no cabelo e na barba. Emprestei a máquina do Henrique, gentilmente cedida por sua esposa Fernanda. Deixei carregar por cerca de meia hora. Esta máquina funciona apenas fora da energia, sem o cabo. Portanto, é preciso carregá-la bastante antes do serviço. Provavelmente muito mais que meia hora. Enfim.

Após forrar toda a pia do banheiro, comecei pela barba. Nhéééééé. Rapidamente, estava pronta. Máquina 3 no cavanhaque e 2 no restante do rosto. Retirei a ponta plàstica do aparelho para passar a máquina zero na cabeça. Comecei. Nhééé... nhéé... nhééééé... nhé... nh... tuc. Quando ouvi o tuc, pensei Ferrou. E ferrou mesmo. Acabou a carga. Pluguei novamente na energia, aguardei 5 minutos, tirei do plug, liguei. Nhééééééé. Jóia! Encostei na minha cabeça e nhéé... nh... tuc. Outro tuc! Deixei carregando novamente.

Abri um vão da porta do banheiro, chamei pela Mi. Ela disse Tô indo. Aguardei ali, quietinho, atrás da porta. De repente, a Mi abre de uma vez aquela placa de madeira maciça e tuc no meu nariz. Aliás. Se você chamar alguém pelo vão de uma porta, e esta porta abrir para o lado onde você se encontra, NÃO fique atrás da porta. Fica a dica.

Hoje foi a noite dos tucs. Após parar de ver estrelas e passarinhos, pedi gentilmente para ela trazer minhas giletes, para fazer a área pescoçal (do pescoço). Ela trouxe, eu tranquei a porta e voltei minhas atenções à máquina. Liguei. Nhéééééééé. Lindo, potência total. Encostei na minha cabeça, e nhééé... nhé... tuc. Aí eu fiquei nervoso.

Eu me olhei no espelho. Estava ridículo. Parecia que o Stevie Wonder havia cortado meu cabelo. Parecia que eu havia acabado de ser admitido na Febem. Parecia que eu era o Guia Turístico de Chernobil. Parecia que eu mesmo tinha passado a máquina na cabeça e tinha acabado a energia dela - da máquina, não da cabeça. O que fazer? E agora? Esperar 40 minutos pra fazer a cabeça? Ficar esperando assim, pelado, no banheiro? Ir para o quarto, passar frio, ou colocar a roupa e enchê-la de pelinhos? E agora? O que fazer?

Caro leitor. Aqui vai uma questão de múltipla escolha. Vamos ver o quanto você conhece ao meu respeito. A pergunta é: O que foi que eu fiz?

a) Esperei pacientemente por 40 minutos até que a máquina estivesse totalmente carregada;

b) Coloquei novamente a roupa, fui para o quarto onde aguardei o carregamento;

c) Ligava e desligava o aparelho em turnos, fazendo o serviço aos poucos, até completar o trabalho;

d) Guardei as coisas, tomei meu banho e amanhã, na fila da Comisaria, vou tentar lançar moda;

e) Fiquei puto, peguei as giletes, enchi minha cabeça de creme de barbear até parecer uma (ou um?) banana-split e passei sem dó o aparelho de barbear, arrancando tufos de cabelo, muitas vezes com raiz e tudo, até ficar com a careca lisinha, lutando para não entupir a pia do banheiro, para depois verificar os pontos ensanguentados das feridas feitas pela lâmina cansada, e, depois de tudo isso, ainda tomar um banho super quente, cuja água, após bater na superfície lisa e frágil, ao mesmo tempo limpava e cauterizava os cortes, sem esquecer, obviamente, da dor proporcionada por tal experiência.

Qual será a resposta certa? Deixe sua resposta nos comentários, Twitter ou Facebook. Quem acertar receberá um belíssimo "parabéns" importado da Espanha.

Valendo!

Bes... Tuc! Mierda...

Nando (e Mi, doida para ouvir a versão "contada" deste causo)

Fila gorda (08/12/2010)

Ontem foi o dia esperado. Dia sete de dezembro. Acordei cedo para ir à Comisaria de Policia, na Carrer de Bosch. Mas não cedo demais, pois como segunda foi feriado e quarta, hoje, também seria, imaginei que estaria sossegado em relação a fila. Portanto, fui caminhando até a Praça Catalunha, onde há um escritório dos Correos. Mandei um envelope para o Brasil, caminhei outro tanto até a Balmes e virei à direita, e lá fui eu, todo serelepe e despreocupado, subindo em direção à Diagonal.

Após passar a grande avenida, e um quarteirão acima, entrei numa papelaria para tirar fotocópias. Só por precaução, pois estava com todos os documentos necessários para pedir minha tarjeta de familiar de cidadão da União Europeia. Paguei, saí e continuei subindo até dobrar a próxima esquina, também à direita. E foi aí que meu mundo caiu.

Uma fila gorda* me esperava. Uma fila gigantesca. A mãe de todas as filas. Cerca de 150 mertos de fila gorda* até o portão de entrada da Comisaria, onde uma triagem era feita, para que o extrangeiro pudesse pegar uma senha para esperar ser atendido. Lá dentro, a fila continuava. A "sala de espera" é na garagem da Comisaria. Não tem ar, não tem painel eletrônico. Terrível, terrível. Mas minha história estava apenas no começo. Juntei-me à fila. Em seguida, um peruano perguntou se eu era o último. Disse que sim, com um gosto amargo na boca. O relógio marcava 10h20 da manhã.

A fila andava uns bons 10 metros, e depois empacava por 20 minutos, as vezes mais. Eu observava aquela faixa de pessoas na minha frente, que corria pela Carrer de la Granada del Penedès e sumia na esquina da Carrer de Guadalajara. Minha sorte é eu ter o vício de jogar Sudoku, um jogo que ultrapassa a fronteira da língua, e, por conta disso, está disponível no meu celular espanhol. Essa foi a sorte. Não só a agonia da espera se torna menos difícil, mas essa minha carinha de "se-você-for-estranho-converse-comigo" só me coloca em furadas. E é claro que tinha que acontecer. O cara que estava na minha frente veio falar comigo.

Primeiro, ele só disse que iria tirar fotos ali perto, pediu para eu segurar o lugar dele na fila. Sem problemas. Ele está na minha frente, não me custa nada. Depois ele voltou. E saiu de novo da fila, desta vez sem falar nada. Foi para o outro lado da rua. Depois foi para a esquina, observar o portão da Comisaria. Depois, até o portão. Depois voltou até onde eu estava e desembestou a falar comigo. E eu lá, tadinho, querendo jogar meu joguinho tranquilo, esperar minha vez, ser atendido e ir pra casa almoçar, tendo que ouvir o colombiano falando que não ia dar tempo, que isso, que aquilo, que o lugar fecharia 13 horas - e minha informação é de que eles trabalham até 14 horas, mas não questionei -, que ele tinha passagem marcada para ir ao seu país no dia seguinte, que patati, patatá. Eu, primeiro, fiz o que aprendi a fazer muito bem. Balançar a cabeça, ora positivamente, ora em negativa, e dizer Que mierda. E ele falava, e eu balançava a cabeça e dizia Que mierda. Esse diálogo durou alguns minutos, e percebi que o cara não me deixaria em paz. Portanto, pensei no plano B.

Esse plano eu aprendi ainda no Brasil, e sempre dá certo. É o famoso Ih, peralá que meu celular está tocando. No caso, como ele estava perto de mim, precisei alterar a frase para Ih, peralá que preciso ligar para alguém. Deu certo. Primeiro, ele se afastou. Depois, achou outro companheiro, acho que boliviano, que estava na fila também perto de nós, logo a frente de uma mocinha logo na minha frente, também aficcionada com algum joguinho de celular. Eles sairam de lá para conversar, e a mocinha e eu ficamos ali, jogando cada qual seu jogo de celular.

A fila andou, e andou e andou. Começou a ir até que bem rápido. No relógio, dez para as 13 horas. Dobramos a esquina, andamos mais um pouco, e já consegíamos ver, bem perto, o portão da Comisaria, onde duas senhoras faziam a triagem. A Patrícia me ligou, confirmando uma reunião naquele mesmo dia, as 16h. Concordei, guardei o celular e retirei minha pasta com documentos, papéis e passaporte. E a fila andando. Os dois novos-amigos chegaram, e cada um se tomou seu lugar original: o boliviano, a mocinha, o colombiano e eu. Todos com os seus documentos nas mãos. 12h58. Chegamos os quatro na fila. 12h59. Entra o boliviano. 13h00. Chega o guarda e diz Acabou.

Mas heim? Que que foi? Acabou o que? Protestos, gritaria, bombas de efeito moral, a cavalaria... Brincadeira. Ele disse Acabou enquanto bloqueava o acesso da fila com uma grade. A mocinha perguntou o que havia acabado, e ele disse que a senha havia acabado. Mas não fecha as 14 horas, perguntou ela, e ele, com cara de ué, disse que havia sido um dia bastante atípico. Que a fila estava grande e gorda* desde as 7 horas da manhã, sendo que eles só abriram os portões lá pelas 9 horas. Disse ele também que lá dentro havia o suficiente para que o pessoal trabalhasse o restante da tarde inteira, extrapolando o horário das 14 horas. A mocinha perguntou qual o melhor horário para chegar lá, num dia normal. Ele respondeu 8 horas da manhã. O colombiano reclamou discretamente, contando a história de sua viagem. Nova cara de ué do guarda. Eu não fiquei bravo nem nada. Fiquei desapontado, claro está, pois essa novela não anda. Mas, de qualquer forma, era isso e pronto. Como diria minha sogra, fazer o quê?

Fui embora. Não me despedi de ninguém, e provavelmente não os verei de novo. Da nossa turma, apenas o boliviano conseguiu a sorte - ou o azar - de copnseguir entrar, para ser atendido sei-lá-quando. Enfim. Fui pra casa - a pé -, almocei, fui para a reunião - a pé - que fica perto de onde passei quase toda a minha manhã. A sorte é que Pat, minha empregadora, e seu marido Andrew, também meu empregador, são sensacionais. Cheguei precisamente as 16h15, e saí de lá as 19 horas. E o tempo voou. Fiz duas reuniões. Uma em italiano/português/inglês e outra em inglês. Peguei mais trabalhos, conversamos sobre algumas finalizações etc. Depois eu e a Pat descemos, conversamos muito, nos despedimos e voltei para casa. A pé.

Pat e Andrew tem um filho lindo, Leandro, que fará 6 meses este mês. Não aguentei e tirei fotos dos pais babões com o menino. Ele não é lindo? So cute!

Well, that´s all, folks! E a novela continua! Amanhã, dia 09, vou tentar de novo. Estarei lá as 8 horas em ponto, esperando minha vez.

Estamos bem, trabalhando muito, e por isso fizemos esta pausa nas postagens. Os dias passam voando e, quando vemos, é um dia a menos no blog. Mas o importante é que estamos bem, nos amamos muito e amamos vocês.

Besos trabalhosos

Nando (e Mi, na porta, chegando agora do trabalho. Oba!)

* ps.: Fila gorda é aquela fila que possui vários grupos de pessoas. É uma fila de grupos, não de pessoas. Tendeu?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Querido Stevie (30/11/10)

Nós conhecemos Stevie logo que nos mudamos para a Carrer del Comerç, e desde o começo nos encantamos com seu jeito moleque, sua voz fina, seu semblante tranquilo, seu olhar longínquo. Ele ficava diariamente sentado ao lado da porta automática do mercado Dia, aqui do lado, sempre segurando sua plaquinha escrita à mão, pedindo moedas aos transeuntes. Balançava para frente e para trás, o que gerou seu apelido: Stevie (Wonder).

No começo de novembro, ele falou comigo. Ele me disse, com toda educação espanhola, Me dá um cigarro aí. Fiquei comovido com aquele pedido tão dramático e sincero, e relutei ao responder No tengo. Me dá um cigarro, repetiu Stevie, cujo rosto, certamente esculpido por anjos e arcanjos, parecia o do personagem Jamanta, de uma novela Global de anos antes. Repeti meu No tengo, e deixei escapar um sorriso, por conta da emoção que estava sentindo por ter sido abordado por figura tão esplêndida. Em seguida, estendeu-me a mão, mostrando um punhado de moedas. Não entendi se ele, com seu coração generoso e grande, estava me oferecendo alguns trocados, ou se ele gostaria de comprar cigarros de mim - por se tratar de um ser humano justo e respeitável - ou se estava a pedir, encarecidamente, uma ajuda para completar seu pé de meia. Diante de minha indecisão, Stevie partiu, e eu voltei para casa.

Não sei se o episódio acima mencionado influenciou Stevie de alguma forma. O fato é que Stevie sumiu, desapareceu, escafedeu-se. Há pelo menos 3 semanas, não contamos com a presença daquele homem-criança nos aguardando na saída do Dia. Nem de manhã, tampouco de tarde ou à noite. Ele simplesmente não vem mais tomar seu posto. Centenas de pessoas ficam paradas em frente ao mercado diariamente, com suas contribuições chacoalhando nos bolsos, aguardando Stevie. E nada dele aparecer, naquele balanço característico, para frente e para trás.

Na boca pequena, corre o boato de que, finalmente, Stevie conseguiu o suficiente para realizar seu sonho: comprar uma casa em Mallorca, de frente para o mar, onde, deitado em sua rede, pode desfrutar dos movimentos das ondas do mar que, sob sua regência, vão e vêm, para frente e para trás.

Stevie, não sei se você acompanha nosso blog, mas fica aqui um apelo. Dê notícias, mande um postal, enfim, não nos deixe ficar mais preocupados do que já estamos. Com toda sua inteligência óbvia e esperteza aprendida nas ruas, sabemos que você pode sobreviver em vários lugares do mundo. Mas não se esqueça de nós, seus vizinhos da Carrer del Comerç. Se você me mandar alguma correspondência, juro que remeterei aquele cigarro que, de forma tão egoísta, lhe faltei.

Fique bem, onde quer que você esteja. Porque nós estamos bem.

Amamos você, e amamos nossos amigos e familiares do Brasil.

Besos para-frente-e-para-trás

Nando (e Mi, chorando copiosamente pela falta desta figura inesquecível)

sábado, 27 de novembro de 2010

Post para maiores (27/11/10)

Êêê, sabadão. Não vamos trabalhar hoje, vamos passear! Foi com essas palavras de ordem que comecei o dia. A Mi consentiu. Bom, quer dizer, na verdade eu pedi permissão para a Mi, e ela deixou. Mas não contem para ninguém. Lá fomos nós para nosso passeio. Pensei num caminho bacana, para mostrar para a Mi lojas e curiosidades que aprendi nas minhas andanças por aí.

Fomos até a Jaume pela Princesa, até a cidade, após a prefeitura, e viramos à direita. Pegamos uma rua cheia de lojas interessantes. Lá vimos desde aluguel de roupas chiques para festas até venda de arte (objetos antigos, pinturas etc). Depois viramos à esquerda, e em seguida à direita novamente, até a Petrixol, famosa rua do chocolate. Seguimos por ela, viramos à esquerda e chegamos à Rambla principal. Subimos em direção à Praça Catalunha, e viramos à esquerda, na Carrer de Taller. Era onde eu queria chegar.

Esta rua possui várias lojas Outlet, de marcas famosas e normalmente caras, como Dolce & Gabana, Diesel, e por aí vai. Começamos a olhar cada uma das lojas, de um lado, do outro, e uma faixa chamou nossa atenção:

Opa, é aqui mesmo que vamos entrar. Lá dentro, a Mi não gostou de nada. Já eu, separei várias peças para experimentar. Foram três calças, três blusas, uma calça de moleton. Resolvi levar o moleton e uma calça, mas faltava algo para o frio. Já perto da saída, vi uma prateleira baixa com peças grossas e cores escuras. Quando abri, era uma jersey preta, 100% algodão, linda. Experimentei ali mesmo, e caiu como uma luva. Na prateleira de baixo, outras peças iguais, mas mais claras, um tom de bege, ou cáqui. Resolvi levar, então, 2 jerseys - uma de cada cor, obviamente - e a calça de moleton. Afinal de contas, a calça de brim que havia separado era mais para completar o trio de peças que qualquer coisa. Pagamos os 10 euros e saímos satisfeitos.

Alguns metros adiante, entramos no outlet Logo, com várias peças muito bonitas e diferentes. A Mi adorou, mas resolvemos segurar a grana, porque esta ainda é curta. Continuamos o passeio até a praça da Universidade, e de lá retornamos para casa.

No caminho, porém, resolvemos conhecer uma loja. Essa loja, de nome peculiar, havia sido visitada por nossa roommate Fernanda, que nos contou maravilhas sobre o lugar, tanto em relação à qualidade como os preços ofertados. E como estava no nosso caminho, resolvemos visitar. E, facilmente, achamos a tal loja. Olha ela aí!

Pois é. Fomos conhecer a Shana de Barcelona. Ela estava um pouco lotada, e quando aparecemos na porta da Shana, muita gente saiu. Aí, quando tinha mais espaço na Shana, a Mi entrou. Eu fiquei do lado de fora, porque apesar do frio, dentro da Shana estava quente que só vendo. Fiquei em frente, olhando a Shana, vendo o pessoal entrar e sair. Atrás de mim, a lateral do museu de Dali, com janelas altas e uma fileira de grandes vasos. De repente, detrás de um deles, levanta um cara, com cara amassada de sono. Ele vai até mim, pergunta as horas. Eu digo duas e trinta. Duas?, ele pergunta, e eu confirmo. Ele diz preu dar um cigarro para ele. Eu digo que não. Ele vai embora.

Hoje mesmo outro cara pediu para eu ajudá-lo, comprando lenços de papel que ele estava vendendo. Eu disse que não tinha dinheiro, e ele insistiu. Eu segui dizendo não, não, não, até que ele parou de falar, me encarou bem e disse, com uma boca cheia de bocadilho de jamón, que eu parecia muito o Che Guevara. E saiu. Ai ai, eu mereço. Quanto mais eu rezo... Voltemos à Shana.

Lá estava eu, esperando, pacientemente, a Mi sair da Shana. Realmente tinha bastante gente naquela Shana, viu. Era tanta gente que pensei que talvez a Mi tivesse se perdido dentro da Shana. Já pensou, eu, entrando na Shana lotada, procurando a Mi, para levá-la com segurança para fora da Shana? Aí eu vi, lá dentro, no fundo da Shana, a Mi fazendo um sinal de Espera mais um pouquinho. Foi quando percebi que a Shana deveria ser muito maior do que parecia exteriormente. Então, como bom marido que sou, continuei do lado de fora da Shana, esperando minha esposa linda.

Finalmente ela saiu da Shana. Ela gostou muito de todos os itens, mas disse que só voltará à Shana quando tiver mais dinheiro. Porque, segundo ela, é muito ruim um consumidor entrar na Shana quando se está duro. Descemos, então, a rua, viramos à esquerda e ali perto dou de cara com um hotel. E o nome do hotel... Bom, se eu contasse ninguém acreditaria. Portanto, resolvi sacar uma foto:

Eu é que não entro nesse hotel. Dizem que é uma merda lá dentro, por ser apertado e escuro.

Puxa vida, desculpem pela escatologia e falta de vergonha. Mas é que não podia perder essa oportunidade. Sabe como é, não é todo dia que se mora numa cidade que tem uma loja Shana ao lado do hotel Colon. Prometo que o resto do post será de mais bom gosto.

Depois que chegamos em casa, guardamos minhas compras e resolvemos ir ao Mercadona, para as compras da semana. Eu fui tomar banho, e a Mi deu uma mãozinha para a Fer. Literalmente.

E não é que o serviço ficou bem profissional? Olha só.

Depois do banho, me encapotei de roupa para enfrentar o frio de 8 graus que nos aguardava lá fora. A Mi também se agasalhou bem. Pegamos nosso carrinho e fomos comprar comida e bebida.

E foi isso. Em breve vamos começar a pensar na lista de presentes de Natal. Eu ainda não sei o que vou pedir para o Papai Noel. Mas tenho uma certeza: meu presente vai vir da Shana!

Estamos bem, amamos vocês.

Besos sem-vergonha

Nando (e Mi, morrendo de vergonha do tanto de Shana deste post)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Falta 1 mês (24/11/10)

Diretamente de minha nova estação (provisória) de trabalho, escrevo.

Com vista para este céu azul e mar de antenas e prédios, me inspiro.

E, para não passar vontade, resolvi comprar uma lembrancinha de natal para a Mi, que vimos ontem na loja Alarcon, aqui ao lado. Vou acender uma vela e deixar o quarto escuro para que a surpresa seja bacana, mais 'tcham'. Não consegui tirar uma foto boa, portanto fiz uma pequena simulação do efeito de luz.

Bem lindinho, não? Ainda falta 1 mês para o natal. Ainda ou já, ambas estão corretas. As ruas estão todas cobertas de luzes e decoração, mas ainda não foram acesas. Acho que na primeira semana de dezembro começaremos os trabalhos de decoração da casa. Estamos programando uma bela ceia natalina, e a festa vai ser bem boa.

Hoje trabalhei pouco, mas intensivamente. Acabei tendo algumas ideias para incrementar este blog, que não pode ficar morno por conta do dia-a-dia dos personagens principais - e únicos - desta história. Talvez, por isso, precisarei de um ou dois dias para elaboração do texto, mas valerá a espera. Eu e Mi vamos fechar o roteiro, provavelmente hoje, e semana que vem teremos um novo conceito de postagem.

Hoje tem show da Taïs, último do ano em Campinas. Se eu fosse por um oceano, eu iria. Mais informações, é só clicar aqui.

Enquanto isso, ficamos por aqui. Estamos bem e amamos você.

Besos misteriosos

Nando (e Mi, 'mãepostiçando' perto da Sagrada Família)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Medados de otoño (23/11/10)

Acabei de pegar esta folha caída na calçada, em frente ao nosso prédio. Este é o nosso outono.

Sempre sonhei sentir este frio, viver este clima, pisar sobre estas folhas no outono. Caminhar por ruas agora conhecidas, bem agasalhado, e de óculos escuros para proteger do sol, que não esquenta mas ilumina. As ruas estão cobertas de folhas amareladas, as árvores começam a ficar sem suas copas, e o azul do céu ganha um tom marinho.

Agora que eu e Mi conseguimos trabalho, apesar de não ser algo fixo, podemos, finalmente, relaxar um pouco. Talvez, por conta disso, começamos a ver Barcelona com outros olhos. Ela apresenta sua face mais amigável, suas frutas reluzem, suas verduras orvalhadas ficam mais expessas. Sim, os monumentos e arquitetura continua ali, imóvel e linda, mas agora parecem revelar os detalhes que perdíamos entre preocupações diárias.

Quem sabe, assim, possamos andar pelos caminhos de sempre com olhos inéditos. Quem sabe nossas emoções se renovem, nossos espíritos rejuvenesçam e nossa alegria transborde. Quem sabe consigamos andar pelas avenidas largas e ruas estreitas mirando, logo a frente, não o futuro, e sim a paisagem. Quem sabe?

Enquanto isso, vamos vivendo, sentindo saudades dos amigos e da família do Brasil, mas conscientes de que aqui estamos por um motivo justo e até nobre: nós mesmos. Começamos, há 3 anos e pouco, uma nova família. Para o mundo, somos apenas mais uma família. Pra gente, nós somos um mundo.

E que, daqui 1 mês, venha o inverno, com neve possível e frio provável. Venha o frio que vier, não importa. Nos abraçaremos ainda mais.

Estamos bem, amamos vocês.

Besos alaranjados

Nando (e Mi, ainda no trabalho, mas, claro, pensando em mim!)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Antepenúltimo capítulo (22/11/10)

O dia começou nervoso. Nervoso de ansiedade, não ira. Acordei relativamente cedo, perto das 10h da manhã, por conta do plantão de ontem. Tomei meu café, comi meu desjejum e esperei. Esperei notícias do trabalho, do tradutor, qualquer notícia. Já havia resolvido. Buscaria a tradução da minha certidão de casamento italiana hoje, iria amanhã à oficina de extranjeria levar o restante dos documentos, e quarta finalizaria o processo em outra oficina.

Resolvi escrever para o tradutor, perguntando sobre o trabalho. Minutos depois, a resposta. Estava pronta. Eu deveria buscá-la até 14h30. Chequei o horário de funcionamento da oficina de extranjeria. Iria até 17h. Resolvi fazer as duas coisas. Quem sabe? É uma viagem a menos. Em pouco tempo estava pronto. Arrumei minha mochila, conferi os documentos, separei tudo, beijei a Mi e saí. Decidi ir a pé ao tradutor, cujo escritório está localizado em frente à universidade. Não é longe.

Andei a passo acelerado até a praça Catalunha, só desviando para entrar na estação de metro, onde troquei o dinheiro ao comprar uma passagem T-10. Voltei à superfície, atravessei uma avenida e segui o quarteirão até dobrar à direita duas vezes e encontrar o prédio. Entrei, subi até o penúltimo andar e abri a 2ª porta, que continha uma placa indicativa. Lá dentro, um homem era atendido. Depois um casal de brasileiros, depois um africano, depois eu. A fila foi andando até que encostei no balcão. Comecei a falar com Josep, que lembrou-se de mim e do meu caso. Estava tudo pronto. Ele me apresentou o documento, eu lhe entreguei 2 notas de 20, e ele 1 de 10. Simples, rápido e fácil. Ah, se tudo aqui fosse assim...

Desci organizando meus papéis, virei à esquerda e fui em direção à estação da universidade, linha vermelha (L1). Lá chegando, entrei no trem que seguia ao Fondo. Praça Catalunha, Urquinaona, Arco do Triunfo, Marina, Glòries, Clot e Navas. Nesta desci, subi as escadas e lá estava eu novamente, pela terceira - e talvez última - vez. Enquanto andava, lembrava das vezes em que nós não sabíamos onde estávamos, ou se estávamos no lugar certo. As portas fechadas, as filas, a espera, o desencontro de informações. Rapidamente cheguei ao lugar, mas passei reto, pois ainda precisava de fotocópias.

Logo ao lado, numa sala estranha, ampla e apertada ao mesmo tempo, uma senhora usando um lenço que lhe cobria toda a cabeça, com exceção do rosto arredondado, aguardava no balcão, do lado de lá. Pedi as cópias apresentando os originais. Ela rapidamente prestou o serviço, e paguei-lhe o euro pedido. Saí, retornei alguns metros e me apresentei ao guardinha. Falei, ele me sorriu e pediu-me para entrar. Passei pelo detector de metais, retirei minha senha e aguardei. Cerca de 2 minutos se passaram até meu número piscar na tela. Era o primeiro atendimento. Após minha explicação, a moça da mesa 50 me cedeu outra senha. Desta vez esperei cerca de meia hora até ser chamado. O lugar estava vazio, tanto de solicitantes como de funcionários. E lá fui eu.

Sorridente, a funcionária da mesa 23 me recepcionou. Eu retornei o sorriso, enrolei a língua e cuspi o castelhano que havia treinado. Ela entendeu, leu o papel que havia levado, anotou o número do meu processo e foi aos arquivos buscar minha pasta. Logo, lá estava ela, pedindo as documentações que faltavam. Entreguei o empadronamento da Mi. 'Não precisa de fotocópia? Vale.' Guardei a fotocópia. 'A certidão de casamento? Aqui está. E a fotocópia, precisa? Precisa, então eis-la.' Aí, meu querido leitor, é que suei frio. Entenda o caso.

Os documentos apresentados - todos - precisam ter, no máximo, 3 meses de expedição. Mais que isso, não valem nada. E nossa certidão italiana era válida até dia 11 de novembro. Fomos ao consulado pedir uma atualização, mas não há escritório de registro civil em Barcelona. Teríamos que fazer o pedido oficial à Itália, aguardar 2 semanas e pagar cerca de 120 euros. Então, era esse documento ou... De qualquer forma, na sexta passada, o funcionário leu o documento e não disse nada a respeito da data. Então, por conta disso, decidi arriscar. Bom, voltemos a hoje.

A funcionária abriu a pasta da tradução e começou a ler. Verificou as informações da certidão com as que estavam em minha ficha de solicitação. E eu suando, guardando pastas e papéis, tentando disfarçar, o que, geralmente, só piora a cena. Até que veio a frase que eu não queria ouvir: 'É, na verdade este documento caducou há alguns dias.' Um filme passou pela minha cabeça. Eu não tinha nem forças para negociar. Melhor ficar em silêncio. Afinal, sou extrangeiro, talvez ela pense que não entendi o que ela falou. Mantive o meio-sorriso na cara, braços sobre a mesa e olhos fixos na funcionária. Ela resmungou mais um pouco, e fez o que eu não esperava.

Carimbou a folha.

Sim, sim, consegui! O processo fora iniciado. Ela imprimiu uma folha, duas vias, carimbou novamente ambas, passou-me a minha e disse: 'Ya está.' Eu, ainda paralisado com aquele primeiro carimbo, consegui juntar algumas palavras e perguntei qual o próximo passo. Ela indicou, na folha, o que eu deveria fazer, que é o seguinte. Após o dia 7 de dezembro, devo apresentar-me à outra oficina de extranjería, levando o tal papel, 3 fotos tipo carnet e meu passaporte. Lá, eles recolherão minhas digitais e cobrarão pela tarjeta. Eu pagarei a quantia e retornarei 30 dias depois para retirá-la. E foi isso. Ainda faltam 2 capítulos para o término desta novela. Mas ao menos sei onde ir e o que fazer, e isso é de uma ajuda sem precedentes.

Aqui, a foto do vencedor segurando o papel que já indica, inclusive, meu novo número de identidade. Meu NIE. Não é (são) lindo(s)?

Na mesma foto, um exemplo do 'meio-sorriso' causador da carimbada. Próximo (penúltimo) capítulo, dia 7 de dezembro. Não percam!

Estamos bem, amamos vocês

Besos documentados

Nando (e Mi, tentando dormir enquanto me espia por baixo da venda preta)

domingo, 21 de novembro de 2010

Rápido, rápido, rápido (21/11/10)

Domingo. Já mencionei que domingo aqui é uma porcaria? Tudo fechado, tudo parado. Mas trabalhei o dia inteiro, então está ótimo. Mas ontem foi bem bacana.

Eu e a Mi decidimos não passar mais frio. Resolvemos comprar roupas. Fomos logo cedo, lá pelas 10h, ao Diagonal Mar. Estávamos tão animados que levamos até nosso carrinho, para o caso de não aguentarmos as sacolas. Pegamos o TRAM, descemos em frente ao sh... centro comercial, andamos até o supermercado Alcampo para estacionar nosso carrinho. O sistema é simples e funciona. Um estacionamento de carrinho ladeia a saída do mercado. Basta encostar o carrinho, passar a corrente e depositar 1 euro, virar e retirar a chave. Existem também armários para os que precisam guardar sacolas, bolsas etc, também a 1 euro. De lá, fomos ao Primark.

Primark é uma loja barata, e toda Barcelona sabe disso. Por isso mesmo, está sempre abarrotada de gente. E desta vez não foi diferente. Mas conseguimos, aos trancos e barrancos, comprar tudo o que gostaríamos. E, como já mencionei, saiu barato. Eu, por exemplo, gastei o seguinte:

Par de luvas - 2 euros
Boné de lã - 3 euros
6 pares de meia grossa - 4 euros
Camisa de malha manga comprida preta - 4 euros
Carteira - 3 euros
Ceroulas (isso mesmo!) - 10 euros
Moleton - 9 euros
Casaco impermeável forrado - 15 euros
Total gasto - 50 euros

Foi uma boa compra ou não foi? - e o coro responde: fooooooi! A Mi gastou mais (mais) ou menos isso também em um monte de coisas quentinhas. Fomos então ao Alcampo, aproveitar algumas ofertas. Vi, pela primeira vez na vida, groselha - a fruta - mas não comprei. Eu (a Mi...) não quis, por achar 2,36 euros muito caro para um recipientezinho plástico cheio daquelas frutinhas vermelhas. Sem problemas. Compramos algumas coisas e voltamos para casa.

Havia chovido, e a sensação térmica caiu drasticamente. A mínima prevista era de 4 graus. Mesmo assim, depois de descarregar o carrinho cheio e 4 sacolas grandes de compras, voltamos à rua e fomos ao Mercado, terminar as compras da semana. Arroz, feijão, macarrão e hamburguer. De quebra, uva sem semente roxa, quase negra, com gosto de jabuticaba, e tangerinas doces doces doces. Vi, mas não comprei - ainda - um sorvete de microondas. Depois experimento e conto como funciona. Queijo, iogurte, geleia.

Vi o presente que gostaria de dar ao meu pai de natal, mas vai ser impossível. Por isso, inclusive, estou contando sobre o assunto. É uma garrafa de champagne cheia de bombons de chocolate. Além de ser um presente bonito, deve ser delicioso!

Pagamos a dolorosa, voltamos para casa e passamos por um homem que, sem ligar para o frio, tocava sua tuba na direção contrária. E, como vocês puderam perceber, estou escrevendo rápido porque já passa da 1h30 da manhã, trabalhei até agora, estou com um frio da p... e ainda tenho que tomar banho.

Desculpa a demora para postar e a falta de fotos, mais uma vez. Estou tentando manter o ritmo. Mas o frio torna tudo muito mais trabalhoso. Ah, inclusive, hoje, eu, Polita e Mi carregamos um sofá pelas escadas, do térreo ao quinto andar, sobre nossas cabeças, e sem paradas para tomar fôlego. Ufa!

Vou lá. Desejem-me sorte. Não só pelo banho de logo mais, mas amanhã, talvez, eu vá buscar o documento que falta para terminar o processo da minha tarjeta. Só estou esperando um e-mail do tradutor.

Estamos bem e amamos vocês.

Besos apressados, e um todo especial para Taïs, intérprete perfeita e compositora inspirada.

Nando (e Mi, que deve estar passando calor debaixo de 2 cobertas e vestida com pijama felpudo de natal)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quase (19/11/10)

Hoje foi quase. Muita coisa quase. Quase congelamos hoje de manhã. Quase que consigo tirar o tal documento. Quase, quase, quase. Infelizmente, ao contrário do que nos foi informado no consulado espanhol no Brasil e no consulado brasileiro em Barcelona, nossa certidão de casamento brasileira não foi aceita. Apesar do carimbo do Eresp (Itamaraty), apesar do carimbo da embaixada espanhola, apesar da tradução juramentada de 40 euros.

Por sorte, quando fomos retirar o passaporte italiano da Mi, ainda no Brasil, o funcionário que nos atendia ofereceu uma certidão de estado civil pelo módico valor de R$8,00. Aceitamos. Ainda bem que este documento estava conosco hoje durante o atendimento. Porém, precisa ser traduzido. Isto significa mais gastos, mas, aparentemente, é a peça que faltava. Depois disso, é imprimir minhas digitais (em outro endereço) e, listo, aguardar um mês. Será na semana mais natalina do ano que ficará pronta minha tarjeta. Será meu presente de Natal?

Não. Prefiro ganhar um rodízio de carne... Mas vou comemorar mesmo assim, pois este cartão é minha permanência em Barcelona. Enquanto isso, vamos correndo, buscando tradutores, trabalhando e passando frio. Eu, particularmente, prefiro o frio europeu ao calor dezembril do Brasal. Se você continua com frio, põe mais roupa. E quando você continua com calor, tira a pele? Aqui a gente congela, mas depois é só colocar 3 minutos no microondas que - pimba - estamos prontos!

Estamos bem e amamos vocês.

Besos gelados

Nando (e Mi toda enrolada no edredon - tá até parecendo uma panquequinha)

Vai dormir! (19/11/10)

São exatamente 3h01 da manhã, e estou, finalmente, indo dormir. Trabalhei até tarde e estou ansioso por hoje, dia 19. É o dia do meu documento. Para quem não sabe ou não se lembra, é só clicar aqui e ler.

Desejem-nos sorte, porque precisaremos. Mas vai dar tudo certo.

Besos sonolentos

Nando (e Mi, quase acordando já!)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

As time goes by (17/11/10)

É, o tempo passa. Parece que foi ontem que tivemos uma nova integrante aqui em nosso piso. Locada no quarto da Fernanda, que passava uma temporada no Brasil, Luiza chegou e encantou a todos. Essa mineirinha - que não tem nada de 'inha' - veio para aprender Castelhano, fazer turismo e acabou, de quebra, conquistando esta dupla aqui.

Hoje é seu último dia em casa. Amanhã cedo sai o voo que a levará para o encontro de sua família, na Itália. De lá, depois de alguns passeios mais, todos eles voltarão para BH. Não fizemos festa de despedida. Não concordo com festa de despedida. Não faz sentido. Eu só faria uma festa para me despedir de alguém caso não gostasse dessa pessoa, para comemorar a partida da mesma, entende? E, obviamente, não gostando dela, não gastaria um centavo de euro fazendo festa em sua homenagem. Portanto, para mim, não faz sentido.

De qualquer forma, desejamos à Luiza - ou Luiza Guerra, a sóbria - toda sorte do mundo. Que faça um passeio gostoso, seguro e inesquecível, que tenha um retorno tranquilo para o Brasil, e que fique a certeza de que estaremos aqui, sempre torcendo por ela, uma pessoa incrível de futuro igualmente brilhante. A Mi está com você, neste momento, na sala, mas creio que ela concorda comigo em cada palavra.

Nosso encontro ano que vem, pra tal feijoada-sem-igual, está fechado. Levarei, debaixo de um braço, o violão, e debaixo do outro, minha filha. Lá contaremos mais histórias, riremos mais ainda e lembraremos dos 'ossos' que roemos neste mês e pouco de convivência. Enquanto isso, ficamos com nossas fotos, vídeos e histórias. Uma ótima viagem e obrigado por tudo. Um grande beijo dos seus novos grandes amigos.

E é isso. Desculpem-me pela ausência, a culpa foi minha. Devido um probleminha de saúde, que já foi sarado, me ausentei deste blog e deixei de dar nossas notícias. O bom é que não tivemos novas notícias, portanto vocês não perderam nada. Mas, agora, voltamos à nossa programação normal.

Estamos bem (ufa!) e amamos vocês.

Besos saudáveis

Nando (e Mi lá, hablando, hablando, hablando, hablando...)

sábado, 13 de novembro de 2010

Fotonovela (13/11/10)

E começa hoje a fotonovela de apenas um capítulo intitulada "Un buen vino y buen jamón alegran el corazón", ganhadora do 'prêmio de fotonovela com título mais longo da Internet espanhola'.

Apresentando Luiza Guerra, Mirela Alcântara, Fernando Fernandez, Polita Ferraz e Fernanda Melocotón. Cena 1. El Xampanyet, na Calle Montcada, em frente ao Museu do Picasso. Quase noite.

Luiza Guerra, Mirela Alcântara e Fernando Fernandez adentram o apertado recinto com dificuldade. Após momentos agoniantes, conseguem, finalmente, uma mesa. Cansados e felizes, pedem à garçonete, Cyntia Montenegro, o cardápio. Após dar uma risada debochante, Cyntia Montenegro apontou a barra do bar e mostrou todos os tapas e bocadillos ali expostos. Luiza Guerra, segurando sua irritação, perguntou, então, o valor do Champagne, ou melhor, do espumante. O preço da taça era de 1,90 euros, e a garrafa inteira, 8 euros. Pelo bem da economia geral, resolvemos pela botella. Cyntia Montenegro nos trouxe o delicioso líquido, despejou-o em copos especialmente preparados para se beber corretamente o vinho borbulhante, e, ali, felizes, brindamos.

Mirela Alcântara provou e aprovou. Com sua elegância que precede seu nome, virou o copo goela abaixo, sorvendo o conteúdo do mesmo, transformando a matéria líquida em gasosa, porque, segundo ela própria provou e comprovou, assim bate mais rápido.

Fernando Fernandez, ex-alcoólatra, ex-boêmio e ex-quisito, após sua primeira dose, já se perguntava onde estaria, e isso em perfeito catalão. Mirela Alcântara, sentindo o efeito da bebida que chegara ao estômago maltratado, dormia pacificamente. E atrás da cena, Juán Carlos Borges, ex-soldado da guerra civil espanhola de 36, apontava o inimigo que dali se aproximava. Mas ele tomou outro gole e sossegou o facho.

Após horas e horas de espera, conseguimos uma outra mesa, desta vez mais baixa e cercada por bancos de madeira. E lá sentamos. Nos bancos, não na mesa.

Aconteceram conversas longas, outras, curtas, e, por vezes, ininteligíveis. Luiza Guerra, a mais sóbria do trio naquele momento, cutucou Ramón Perez, um garoto estranho que possui o igualmente estranho costume de usar a calça no meio da bunda, horizontalmente, claro está, para pedir que sacasse uma foto. E assim, ele o fez. Cortês e prestativo, Ramón Perez mirou e clicou o botão da máquina, que iluminou o canto esquerdo do local com seu poderoso flash, ao passo que Luiza Guerra, Mirela Alcântara e Fernando Fernandez sorriram, mas não por causa disso, e sim por conta do mesmo.

Luiza Guerra, com sua malevolência, dispensou, educadamente, Ramón Perez, simplesmente pisando nele. Duas horas e uma garrafa de champagne mais tarde, a trupe estava completa, após a chegada de Polita Ferraz e Fernanda Melocotón.

Fernando Fernandez observa sua esposa, Mirela Alcântara, aplicando sua técnica de evaporação, e, ao mesmo tempo, lança seu olhar 86. Sim, 86, porque eles já estão vendo tudo dobrado.

Após o fim da segunda garrafa, Jesus é Genésio, urubu é meu louro e ombro é poleiro. Pedimos mais tapas para forrar a barriga, mas já era tarde. O nível de sangue em nosso álcool ultrapassava o bom senso e batia recordes.

Aí está ela, a maldita, ou bendita. Nós percebemos que este espumante, o Estevet, estava com um sabor bastante aéreo, frutoso e doce, apesar de ser semi sec. Seu gosto lembrava o bater de asas de borboleta levada pela brisa de uma tarde ensolarada e primaveril.

Ao esvaziarmos a garrafa, sem, porém, derramar sequer uma gota, descobrimos o porque de tão peculiar paladar.

Então, para comemorar a descoberta, batizamos a bebida de Champito, ou Moscagne, não me lembro bem. E erguemos nossas taças, e brindamos, e batizamos, e a mesa encheu-se de regozijo.

Para continuar a celebração, pedimos mais tapas, e também rebatizamos Cyntia Montenegro, a garçonete, de Ae. Sim, um nome simples, composto por apenas duas vogais. Ae. E toda vez que ex-Cyintia Montenegro aproximava-se da mesa, bradávamos seu nome em coro: Aeeeeeee! E a serviçal, agradecida, ecoava para o restante da taberna: Aeeeee! E a taberna, ensandecida, erguia seus copos em nossa homenagem Aeeee!

A certa altura, cerca de dois mil pés de distância da terra firme, estava, encolhido, no canto do recinto, Fernando Fernandez. Naquele momento, após refletir cuidadosamente, Fernando Fernando teve e fez a revelação. Seria, na verdade, a reencarnação de Maria Magdalena, a própria, razão pela qual, tendo em vista a quantidade de batismos realizados momentos antes, resolveu que se chamaria, a partir daquele instante, Maria Magdalena.

Enquanto Fernando Fernandez Maria Magdalena saía para fumar, na mesa permaneceram as mosqueteiras - literalmente - Luiza Guerra, Mirela Alcântara, Fernanda Melocotón e Polita Ferraz. Ali jazia a terceira e última botellha vazia de Estevet. A noite chegara ao fim.

Paga a conta, saíram todos abraçados, não por amarem e terem carinho uns pelos outros, e sim para se equilibrarem melhor pela ruela estreita.

O grupo decidiu encerrar a noite com chave de ouro. Sacar uma foto de todos, perpetuando a alegria do momento, além de ajudar, na manhã seguinte, a nos lembrar do ocorrido. Porém, uma dúvida pairou no ar. Como faremos para que todos saiam na imagem? Não seria justo que um de nós ficasse atrás da câmera, pois a foto seria o retrato de uma noite incompleta, uma história mal contada. Fernanda Melocotón, de súbito, arrancou a máquina fotográfica das mãos de Luiza Guerra, e gritou Eureka, enquanto pulava e corria em direção à lata de lixo.

Questionamos se a solução seria realmente nos livrarmos da geringonça, e Fernanda Melocotón, após dar uma gargalhada, nos chamou a todos de tolos. Ela pensou em usar o temporizador, estratégia bastante conhecida e muitas vezes não utilizada por se tratar de um artifício que muitas vezes gera dores de cabeça. Apesar do fácil funcionamento e, inclusive, textos explicativos descritos na pequena tela, muitas vezes a paciência do ser humano entra em conflito com a eficiência da máquina. Resolvemos votar, pois somos democráticos.

Os que fossem a favor, que levantassem o braço esquerdo. Luiza Guerra levantou o braço direito. Mirela Alcântra, o pé esquerdo. Polita Ferraz levantou os 'dreads'. Maria Magdalena ascendia aos céus. E Fernanda Melocotón, alheia a tudo, terminava de preparar o temporizador e berrava 'Às suas posições, vai disparar, vai disparar!' Primeiramente, a maioria de nós se escondeu, por pensar se tratar de alguém querendo atirar na gente. Mas, rapidamente, percebemos o mal-entendido e nos colocamos em frente à câmera. E ali permanecemos, por segundos, minutos, horas, dias, meses, anos. E nada. E nada.

Realmente. Temporizador é igual apêndice. Não serve para nada, só para dar trabalho. Desolados, saímos de nossa pose estilo 'As Panteras' e andamos em direção à máquina, quando, de repente, um clarão nos cegou a todos. Corremos e gritamos, mas não havia o que fazer. Fomos pegos.

The End

E essa foi nossa noite de ontem. Hoje o dia foi calmo, tranquilo, sem nada que mereça ser postado. Gostaram? Comentem, espalhem, recomendem.

Estamos bem, amamos vocês.

Beijo especial do Nando para minha dupla musical favorita, Diego Moraes e Taïs Reganelli. Amo vocês, do fundo do meu coração.

Nando (e Mi, fazendo plantão, mas já já ela volta)