segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ahhh, lunes! (11/10/10)

Acordamos cedo. E desta vez, é verdade! Acordamos cedo sim! Lá pelas 8h30 da manhã o despertador tocou. Na verdade, 'os' despertadores, porque, para não correr o risco de desligar, virar e dormir, a Mi acertou os ponteiros tanto do nosso despertadorzinho como do nosso celular. E se não fosse isso, seria mais uma manhã perdida.

Umas 9h30 já estávamos indo ao Jaume I, pegar a L2 em direção à Avenida Diagonal, e, dali, partir para o escritório onde, finalmente, tiraremos o NIE da Mi. Aliás, hoje também foi véspera de feriado. Não sabia se, por isso, tudo estava fechado. Absolutamente tudo. Não tinha pessoas nas ruas, apenas 2 ou 3 turistas perdidos. Só não sei se perdidos da manh ãhoje ou ainda da noite de domingo. Vale. Mais tarde descobrimos com a Fernanda que é assim mesmo. Aqui, o dia começa lá pelas 10h da manhã. Isso quer dizer que, afinal de contas, não acordávamos tão tarde assim. Eba!

Descemos no metro Diagonal, subimos a Rambla, blá blá blá, até a Balmes 192. Chegamos! Olhamos para dentro da saleta, e pudemos contar cerca de 15, 20 pessoas. Que bom! Falamos com o guardinha que estava de prontidão na porta e, num catalão rápido e com jeito invocado, nos disse para virarmos a esquina, à direita. A Mi olhou para mim com cara de 'ué', e eu expliquei que o camarada gente fina pediu para virarmos a direita na esquina. De certo, por conta da cidadania italiana da Mi, a porta deveria ser outra. E, ao entrarmos por ela, veríamos uma sala toda climatizada, com sofás negros, de couro. 'Água ou café?', diria uma copeira simpática, em perfeito português.

Ao dobrar a esquina, meu pensamento fez 'puf', e me deparei com a realidade. Uma patcha fila que se estendia até metade do quarteirão. Pessoas de diversas nacionalidades olhavam pra gente, pensando 'O que você queria, uma sala climatizada com sofás de couro e uma empregada que fala sua língua?' Fomos até o fim da fila, atrás de um casal estranho. Não que eles formassem um casal estranho, mas ele era estranho, e ela era estranha. Portanto... Falavam sem parar, fumavam sem parar. Uma língua engraçada, enrolada, estranha como os donos. Cheguei um pouco mais perto, pra tentar descobrir de qual país aqueles dois vieram. Bom, se eles estavam lá para conseguir o NIE, eles devem ser de algum país da comunidade europeia. Como não sei quais países da Europa são efetivamente da comunidade, ampliei minha busca por todos os países europeus que me vinham à cabeça. Acho que são turcos. Nãnão, agora parecem ucranianos. É, eles soam como pessoas do leste europeu. Bom, vou continuar tentando.

Enquanto isso, um homem chegou atrás da gente e perguntou para a Mi 'Vocês são os últimos da fila?' Não,meu senhor, somos os primeiros. A fila aqui na Zoropa é assim, de trás pra frente. Ainda bem que a Mi respondeu, e ela é mais paciente que eu. No fim das contas, ela disse para ele perguntar as dúvidas dele lá na frente, pro guardinha. E lá foi ele, e depois ele passou por nós e agradeceu. Estava na fila errada. Tão logo ele partiu, chegou uma senhora com 2 filhas, uma delas de colo. 'Vocês são os últimos da fila?' Não minha senhora... E a Mi atendeu novamente, enquanto eu me acalmava. Desta vez, a mulher não quis saber de mais detalhes, simplesmente plantou as filhas atrás de nós, e lá ficou.

Finalmente, a fila andou um pouco. Vimos 5 ou 6 pessoas sumirem na esquina, em direção ao portão principal. Será que são finlandeses? Mas são morenos, eles tem cara de... De... Sei lá. Demos nosso passinho pra frente. E, qual não foi minha alegria quando senti o pezinho da menina mais velha, de uns 6 anos, tocar abruptamente meu calcanhar. Que delícia! Lembram-se do episódio da menina do encontrão, há alguns posts? Pois é, minha gente. Imã! Dei mais um pequeno passo, seguido de nova cutucada. Ainda bem que, pelo visto, a fila estava andando bem.

Foi eu terminar de falar isso, e mais 5 pessoas sumiram na esquina. Alegria geral! Mais um passinho, e já mordi o lábio inferior a espera do bico do tênis da menina, para o caso de soltar um 'Merda!' na frente dela. Mas não senti nada. Ué. Que estranho. Geralmente, quando a criança começa a bat... Pimba. Agora ela deu na parte de trás da minha coxa com a sacolinha plástica cheia de revistas. A Mi percebeu meu incômodo, e disse 'Vamos trocar de lado', e eu aceitei. Assim que trocamos - fiquei do lado direito - a menina mais nova começou a berrar. Aí, companheiro, é soda! Berreiro na nuca, é igual encontrão, mas não é físico, é psicológico. A mãe, super cuidadosa e um doce de pessoa, começou a berrar mais que a menina, para tentar acalmá-la. Psicologia infantil total, né não?

Será que são franceses? Não, não podem ser, eles não fazem biquinho pra falar. E se... Bom, agora que não vou descobrir mesmo, com essa criança bendita gritando na orelha. A mãe, agora mais calma, percebe que não adianta gritar com a criança. Então, num movimento instintivo que só as mães possuem, começa a rodar a criança no colo, de um lado para o outro. Talvez, se ela conseguir fazer o pequenino cérebro da filha bater levemente na parede do crânio macio, o berreiro cesse. E lá vai a mãe, parecendo um bonecão de Olinda, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá. Isso não me incomodaria, pois não tenho olhos na nuca, se não fosse a perna molenga da criança acertando meus rins a cada parábola. Parecia o final de Karate Kid 2. Para lá - pimba - e para cá - pimba - num ritmo alucinante.

A fila andou, a fila andou! Não, só um casal alemão que deu uma olhada após a esquina e desistiu da espera. Isso, são alemães! Não, eles não falam como se tivessem limpando a garganta. Que língua é essa, que língua? A essa altura, a menina menor tinha parado de berrar - ou até de respirar, sei lá -, quando a Mi falou que ia dar uma olhada lá na frente. A fila não andava havia algum tempo. Eu fiquei lá, no nosso lugar, do lado direito. Quando olho para meu lado esquerdo, exatamente onde a Mi estava, quem me olha de volta? A menina maior. Sim, caro leitor. Ela havia pego o lugar da Mi, como se houvesse uma sub-fila na fila. Um olhar de ódio e desprezo, em proporções exatas. Mas, 20 segundos depois, foi a Mi voltar que ela retornou ao seu lugar. 'É, tá bem cheio...' Fui lá para ver.

Tá bem cheio. Não dá para levar a sério essa frase depois da visão que tive. Não, não estava cheio. Estava abarrotado! A sala estava lotada. As pessoas se aglomeravam em frente ao guardinha, fazendo perguntas, Formou-se um bolo de gente. Por isso que a fila andou da última vez. Eram 11h, e aqui os bancos fecham meio-dia, e para completar o pedido do NIE, é preciso pagar uma taxa de 9,12 euros. Não demos um passo nos últimos 45 minutos. Da entrada, ouvi que a menininha voltara a berrar. A outra menina ia começar a chorar também, pois num acesso de fúria, o bebê pegou o minigame da irmã e o lançou ao chão. Voltei a prestar atenção ao pessoal da sala. Todos sentados, se abanando, aguardando. O guarda gritando com as pessoas. Enfim, até Dante não encontraria palavras para descrever aquilo.

A caminho no meu lugar na fila, passaram por mim a mulher e as filhas. Ela tinha prioridade, pois estava com crianças. Foi quando uma manada de pessoas que carregavam ou empurravam suas crias saíram da fila para empanturrar mais ainda a tal saleta. Me abri com a Mi. Dei todos os motivos para irmos embora. Não estava mais aguentando. Sem café na barriga e sem espaço no saco, para mim já bastava. Ela relutou, mas concordou. Realmente estava difícil. Mas, antes de irmos, prestei uma última atenção no casal estranho. E, do nada, entendi tudo. Eram portugueses... Ô linguinha difícil, sô!

O resto foi resto. Passeamos em centro de compras lotado. Passamos no super. Comprei uma máquina de raspar os cabelos. A Mi esqueceu nosso cartão em casa. Descomprei a máquina de raspar cabelos. Voltamos para casa. Comemos. Bebemos vinho. Vimos o jogo do Brasil. Falamos com a família. Dissemos tchau pra Polita (que vai amanhã cedinho pro México, mas regressará em 2 semanas), e viemos para cama.

Ufa. Estamos bem. Amamos vocês!

Amanhã é feriado. Se a gente sumir, é porque:

a) ficamos na cama o dia todo
b) saímos para passear e perdemos a hora
c) reencontrei as meninas e fui preso por esganá-las
d) as afirmações b) e c) estão corretas

Beijos

Nando (e Mi, falando para eu não xingar as crianças. Não Mi, são santas aquelas duas!)

3 comentários:

  1. Adoreeeeeeeeiiiiiiiiii!!!! dei muitas risadas....
    consegui visualizar todas as situações.......
    se cuida tá?
    milhões de beijos

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  2. vcs tão se divertindo heim, hahhahaahahah. Amando os posts

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