Descemos na Joanic, andamos até o Passeig de Sant Joan, e vimos nossa outra grande amiga. A fila. A filava dobrava a esquina. Todas as nacionalidades ali estavam. Fomos até o fim da linha, e aguardamos. O bom é que, quase sempre, o sol estava presente, e vinha, também frequentemente, acompanhado de um vento frio cortante.
Andamos alguns metros. Decidi investigar se realmente aquela fila era a nossa fila. Já demos com a cara no muro tantas vezes que é melhor passar vergonha no portunhol a passar horas na fila errada. Andei até o ponto inicial, onde era feita a triagem por um guarda. Ah, outro guarda... A triagem era simples. Os funcionários da Oficina de Extrangeiros (também guardas) faziam um 'positivo' com a cabeça. O primeiro guarda, que ficava justamente no começo da fila, apontava o funcionário livre e mandava o extrangeiro. Essa era a triagem. Muito educadamente, caprichei no castelhano e perguntei a esse primeiro guarda se essa era a fila para quem gostaria de solicitar uma 'Tarjeta de familiar no comunitario de ciudadano de la Unión'. Ele, muito educadamente (não), disse que não fazia ideia, e que a fila era justamente para que as pessoas tirassem suas dúvidas. Uma fila de informação. Ói que bacana! Voltei feliz da vida e contei para a Mi a novidade. Ficamos felizes e, juntos, cantamos uma bela canção.
De qualquer forma, seguimos dando passinhos, dobramos a esquina, nos abraçamos quando o vento apertou, nos abanamos quando o maldito sol nos fervia. Marchamos das 9h50 as 11h38, quando fomos encaminhados para o funcionário da esquerda. Este, longo, comprido e narigudo, nos foi bastante atencioso. Ao fazermos nossa indagação, ele fez careta, puxou da memória, se inclinou, puxou uma folha de papel e nos disse que ali estava o endereço correto para nosso caso. Mas que deveríamos fazer uma 'cita previa' (agendamento) através do site tal. E precisamente as 11h40, deixamos o local.
Aliás, já ia me esquecendo. Um pouco antes de sermos atendidos, vi uma discussão entre o guarda da triagem e o próximo da fila. Ao lado do extrangeiro havia uma mulher, que empurrava o carrinho do filho pequeno e puxava pela mão o filho maior, que devia ter seus 6 ou 7 anos. O bebê parecia ter poucos meses. O guarda e o cidadão - cidadão não, o extrangeiro - começaram a bater boca, e sempre que a mulher se metia no meio, o guarda dizia que estava falando com o homem, e não com ela.
Aparentemente a história foi a seguinte. Essa mulher chegou armada dos filhos e encostou no cara que estava na fila. Começou a conversar, e papo vai, e papo vem, e coisa e tal. O guarda da triagem pediu para que todos fossem mais à direita, para não atrapalhar os transeuntes. O tal sujeito perguntou se a mulher podia ficar onde ela estava, mais à esquerda, por conta do carrinho do bebê. O guarda respondeu que ela não estava na fila. Aí começou o bate-boca. Na verdade, o extrangeiro entrou de gaiato nessa, pois ele deixou a mulher passar na frente dele. Afinal de contas, as crianças... Já o guarda disse que ela não devia pedir para ele, e sim para todo mundo da fila, pois ela estaria passando na frente de todos que ali estavam, parados, sob frio e sol, mais frio que sol, havia horas e horas, e ela estava lá há cerca de 5 minutos.
Não vou argumentar quem estava certo ou não. Acredito que ambos parecem ter razões válidas e motivos óbvios, e realmente me pareceu que aquela não era a primeira vez que a mulher e aquele guarda discutiam. De qualquer forma, e sem criar nenhuma polêmica, quis deixar a experiência registrada. Nós tentamos, ao máximo, contar histórias divertidas e interessantes, e mesmo quando são trágicas, dramatizamos um pouco a situação para fins de entretenimento. Mas neste caso, não houve nenhuma tentativa de desvio da informação. Escrevi o que vi, ipsis litteris.
Bom, voltando. Até que não foi um dia perdido. Chegamos em casa e fiz a 'cita previa', que indicava exatamente o local informado pelo guarda. Dia 19 de outubro, 9h50 em ponto. Portanto, não percam amanhã, neste mesmo bat-blog, o último (?) episódio da série "O documento!"
Decidimos, então, fazer compras. Calma, calma, compras de supermercado. Comida, bebida, essas coisas sem as quais fica difícil levantar toda manhã. E às compras nós fomos. E por hoje, é só, pessoal!
Estamos bem, e amamos vocês.
Besos
Nando (e Mi, num banho quentinho.)
Muito bom ........como sempre!!!!!
ResponderExcluirMas não tinha necessidade do guarda ser tão mal educado!!!!!
Aí ela foi até o final da fila ou você não esperou pra ver???
O dó
beijos
Ela se pirulitou de lá!
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